sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Um Bate-papo no Buteco da Astrofoto

Com mais de mil e quinhentos inscritos, o Canal Astrofoto, do excelente astrofotógrafo Rafael Compassi é hoje com certeza o maior veículo de ensino da Astrofotografia no Brasil. O Youtube tem muitos excelentes canais de Astronomia brasileiros, como o Space Today, do Sérgio Sancevero e o Mensageiro Sideral, do Salvador Nogueira, mas o Canal Astrofoto é o primeiro canal que focado na Astrofotografia.

Um dos trabalhos mais interessantes do Canal Astrofoto com certeza é o programa Buteco da Astrofoto, onde toda semana um astrofotógrafo é convidado para bater um papo com grandes astrofotógrafos brasileiros.

Na última quinta-feira (20/09/201), eu tive a honra de ser o convidado do programa e pude falar sobre a minha experiência como astrofotógrafo. Em alguns momentos a conversa fica bastante técnica, mas na maior parte do tempo é um papo bastante divertido, mesmo para quem não conhece muito do assunto.

Vocês podem curtir o vídeo abaixo, não deixem de ir no Youtube, dar um like no vídeo e se inscreverem no canal.


sábado, 18 de agosto de 2018

Galáxia do Superman - NGC 7479




É um pássaro? é um avião? não! É a galáxia do SuperMan (NGC 7479). Local perfeito para um roteirista de Hollywood apontar como a galáxia que abriga o planeta Krypton.

A imagem acima está invertida horizontalmente de propósito, para mostrar a semelhança com o símbolo do Superman. Mas é interessante pensar que a maioria dos telescópios mostra a imagem invertida devido à forma como a luz é desviada por espelhos e lentes, logo será assim que você verá a galáxia em muitos equipamentos. Além disso, se você estivesse na direção oposta da Terra, a galáxia seria vista com essa forma.

É uma imagem simples, feita com o telescópio refrator de 102mm, que não é o mais indicado, e muito pouco tempo de exposição. Publiquei mais por ser um objeto ser interessante. Trata-se de uma galáxia barrada, localizada no céu na Constelação de Pégasus, a mais de cem milhões de anos-luz. Acho que é o objeto mais distante que registrei. Um registro futuro, com o refletor de 200mm, é praticamente obrigatório.

No último dia do EBA deste ano, decidi trocar o Refletor de 200mm pelo Refrator de 102mm devido às dores de cabeça que o refletor estava me dando. O grandão toda hora ficava descolimando. Eu tinha que, no meio da escuridão, tirar a câmera e a roda de filtros do porta ocular para realizar a colimação com a ocular cheshire. E mesmo travando todos os parafusos, o telescópio mudava a colimação durante a noite.

Mas apesar da captura com o refrator ser mil vezes mais pacífica do que com o refletor, inclusive me deixando mais tranquilo com a ventania que estava na última noite, na hora de ver o resultado, bate um arrependimento de não ter usado o Refletor. Para captura de galáxias, ainda mais uma tão distante, o uso de um refletor de pelo menos oito polegadas de abertura é obrigatório.

Telescópio: Refrator de 102mm F7
Câmera: Atik 314L+
Montagem: Sky-watcher HEQ5
Filtros: Optolong 1,25 LRGB
Luminância: 8x5min
RGB: 3x5min segundos cada cor

sábado, 11 de agosto de 2018

Fotografando com o Ioptron Skyguider e a QHY163m sem guiagem

Região de Sadr e Nebulosa Crescente (NGC 6888)
  H-alpha 73x1min
OIII 39x1min
SII 27x1min


Um dos dois setups que usei no Décimo Primeiro Encontro Brasileiro de Astrofotografia foi o Ioptron Skyguider Pro carregando a câmera monocromática QHY163m com a lente de 200mm F2.8. Este é o que eu chamo de um setup portátil, que dá pra carregar com um braço, um levar numa viagem de avião. Eu já usei esse setup antes, em dois encontros astronômicos, mas desta vez, não pude usar a já comprovada eficiente guiagem do Skyguider Pro. Como também estava com o Telescópio Refletor de 200mm sobra a HEQ5, fotografando galáxias, o setup de maior aumento e menos campo não podia ficar sem a ajuda da guiagem.

Nebulosas Running Chicken (IC2944) e Estátua da Liberdade (NGC 3572)
  H-alpha 66x1min
OIII 8x1min
SII 8x1min


Foi então uma boa oportunidade para ver como o Skyguider Pro se comportaria com a lente de 200mm sem o apoio da guiagem. Para quem não leu os posts anteriores, com guiagem eu consegui frames de três minutos com o Skyguider Pro. Sem guiagem eu sabia que não ia conseguir mais do que um minuto por frame e foi exatamente com frames de um minuto que fotografei.

Sem guiagem e perfeitamente alinhado com o polo celeste, o Skyguider consegue tranquilamento frames de um minuto de exposição, mas a diferença é que agora muitos dos frames saem apresentando rastro, com estrelas pra lá de ovaladas. Posso dizer que, para cada frame bom, um fica ruim, enquanto com guiagem todos os frames ficam perfeitos.

Nebulosas do Véu registradas em HalphaRGB
  H-alpha 96x1min (bin 2x2)
RGB - 15x1min cada cor. (bin 1x1)


Uma coisa boa do uso do Skyguider com a lente de 200mm sem guiagem é que, apesar do grande número de frames problemáticos, após cerca de duas foras de captura, é possível continuar fotografando sem precisar ajustar o enquadramento. A perda de área é quase insignificante. Mas deve-se ficar esperto. O deslocamento dos frames somente para uma direção, numa câmera com sensor CMOS, tente a gerar linhas nas áreas mais escuras na imagem.

Apesar das limitações, fiquei muito feliz com o resultado final das imagens. O mérito vem principalmente da câmera QHY163m e sua versatilidade incrível. Primeiro, elevei o ganho da câmera, o que, apesar de aumentar o ruído, aumenta muito a sensibilidade. E o ruído pode ser bastante reduzido quando se captura muitos frames. Também utilizei binning 2x2 nas capturas. O binning 2x2 soma o brilho de cada 4 frames para gerar uma imagem mais brilhante, embora com quatro vezes menos resolução. No fim ainda temos uma resolução ainda muito boa de 4 megapixels e o uso de Drizzle 2x na integração, que aumenta os single frames duas vezes antes de integrá-los, compensa a perda de resolução do binning 2x2.

Nebulosas América do Norte (NGC 7000) e Pelicano
  H-alpha 86x1min
OIII 18x1min
SII 18x1min

Eu acabei usando todos os frames capturados nos registros, embora o aconselhável seja selecionar os melhores. Fiz isso por que acredito que ajuda a reduzir o ruído. Eu talvez refaça algumas das fotos apresentadas aqui em oportunidades futuras de captura, com frames de 3 minutos e talvez sem o uso do binning. Talvez consiga resultados ainda mais interessantes.

O Skyguider Pro com a QHY163m e lente de 200mm F2.8 Canon EF USM II





quinta-feira, 26 de julho de 2018

O EBA das Galáxias - Galáxia do Girassol, de Barnard e NGC 247


M63 - Galáxia do Girassol
Luminancia 39x3min
RGB 6x90s cada (bin 2x2).


No décimo primeiro EBA, eu usei dois setups. De um lado, a minha Câmera mais nova, a CCD monocromática QHY163m, foi conectada a uma lente de 200mm de distância focal F2.8 sobre o Ioptron Skyguider Pro. O segundo setup estava com a minha antiga câmera CCD Atik314L+ conectada ao telescópio refletor de 200mm de Abertura e montagem Sky-Watcher HEQ5. Enquanto o objetivo do setup com a QHY e lente era a captura de grandes campos, principalmente nebulosas, a Atik e o refletor estavam lá para a captura de galáxias.

Devo dizer que, após mais de sete anos dedicados a astrofotografia, a captura de galáxias com um setup de maior porte, é um sopro de renovação nessa atividade. Eu já fotografei a maioria das principais nebulosas de emissão e, as vezes, fico meio sem novos objetivos nessa área, mas quando navego no Stellarium em busca de galáxias, vejo (literalmente) todo um universo de opções para fotografia.

A Atik 314L+ pode ser considerada ultrapassada em relação a câmeras como a QHY163. Além disso, tem somente 1,3 megapixels de resolução contra 16 megapixels da QHY163m. Mas o campo pequeno de seu sensor (2/3 polegadas) é perfeito para pegar galáxias menores. Já no sensor da QHY163m (4/3 polegadas) galáxias mais isoladas ficariam perdidas no meio das estrelas. Devido a pequena Atik tem tudo para seguir muito usada na minha prática astrofotográfica, mesmo com a nova câmera.

Uma grande vantagem que vejo no sensor pequeno da Atik 314L+ é que ele acaba sendo menos sensível a problemas na óptica do telescópio, principalmente nas bordas. Além disso, registros feitos do apartamento apresentam bem menos problemas com a poluição luminosa. Enquanto com a ATIK314L+ tenho feito algumas capturas interessantes em cores naturais, mesmo da varanda do apartamento, a QHY163m tem mostrado dificuldade até mesmo em capturas em banda estreita feitas no mesmo local, principalmente com o filtro de OIII, que tem apresentado uma aberração gigantesca ao permitir entrar mais luz que os filtros H-alpha e SII.

Alguém pode questionar: mas com a QHY163m você não poderia cropar a captura e usar ela como se o sensor fosse menor? Devo dizer que esse é um teste que vou fazer no futuro. Até o momento, tenho achado que, ao examinar os detalhes dos objetos, a Atik 314L+ apresenta um resultado superior, mesmo que a foto final tenha menos resolução final. Entretanto, recentemente tenho percebido que minhas imagens com a QHY163m estão melhorando muito, inclusive com o uso de ganho sendo usado em altos valores. Talvez num novo teste a QHY163m apresente um resultado superior na aquisição de detalhes das galáxias, o que seria muito bem vindo. Para piorar a situação da ATIK 314L+, ela tem apresentado umas esquisitices que estão me preocupando. Devo falar isso em breve. Mas enquanto isso, vou tirando o máximo da pequena câmera, como vocês podem ver nas fotos deste post, todas feitas no Décimo Primeiro EBA.


Galáxia de Barnard
Luminancia 39x3min
RGBI 6x3min cada
NGC 247 -
Luminancia 37x3min
RGBI 6x90s cada (bin 2x2).


Imagens feitas com:
Telescópio Refletor 200mm F4.5 Orion UK VX
Câmera Atik 314L+
Montagem Sky-Watcher HEQ5
Guiagem: Orion Miniguider 50mm ASI ZWO120mc
Filtros Optolong LRGB 1,25 polegadas.

terça-feira, 17 de julho de 2018

Nebulosa Carina (NGC 3372) em Hubble Palette com lente.


Nebulosa Carina NGC (3373), registrada com lente e filtros de banda estreita, compondo o chamado Hubble Palette, onde o H-alpha é o verde, o Oxigênio III é o Azul e o Enxofre II é o vermelho.
Esta nebulosa está a cerca de 6500~10000 anos luz da Terra, localiza-se no céu noturno na constelação de Carina. Ela é quatro vezes maior e também é mais brilhante do que Orion (M42), entretanto, é menos conhecida por estar no Hemisfério Celeste Sul, onde há menos pessoas para observar e registrar. Pelo mesmo motivo, registros dessa nebulosa costumam ser bastante valorizados.

Aqui a imagem em alta resolução:
https://www.astrobin.com/full/356229/0/?real=&mod=

Imagem feita com:
Lente Canon 200mm F2.8 EF USM II
Câmera QHY163m
ioptron Skyguider Pro sem guiagem.
H-alpha 90x1min
OIII e SII 10x1min cada.
Ganho da câmera: 200
Binning 2x2 (empilhamento com Drizzle)

Eu registrei muitas imagens dessa mesma forma durante o EBA. Acho que algumas ficaram muito legais, mas o processamento é demorado. Até acho que esta imagem do post estaria melhor com um pouco mais de apuro. Mas me falta tempo para um tratamento mais refinado. Esse registro é, em sua maior parte, mérito da câmera QHY163m e seu sensor de 16megapixels, com recursos como ganho e Binning. Estes registros foram feitos sem guiagem, pois o equipamento para este recurso estava no telescópio.

Eu no 11° Encontro Brasileiro de Astrofotografia. O setup utilizado para a foto do alto do post está à esquerda na imagem.

terça-feira, 22 de maio de 2018

Rho Ophiuchi - Uma imagem, muitas conclusões



No último fim de semana foi realizado o 33° Encontro Observacional do CASB, em Padre Bernardo, Goiás. Eu só tive uma noite de fotografia. Apesar de ter chegado na sexta, a madrugada de sábado para domingo teve direito até mesmo a uma chuva que durou horas, eliminando qualquer possibilidade de fotografia no segundo dia. Esse é um tipo de coisa que os encontro de observações ou mesmo de astrofotografia astronômica estão sempre com risco de presenciarem, ainda mais no mês de maio, quando a época das chuvas ainda não exatamente terminou no Brasil Central.

Na sexta-feira, como fui direto do trabalho para o evento, não consegui virar a noite fotografando. Só fiz uma única imagem, que, apesar de tudo, foi feita com cuidado e, como eu estava usando um setup totalmente novo, acabou se tornando uma boa fonte de assunto para este blog, que andava meio parado (eu cheguei até mesmo anunciar que estava encerrando as atividades, mas voltei atrás diante do clamor popular).

O objeto registrado foi o complexo nebular Rho Ophiuchi. O setup de captura foi composto pela lente Canon EF 200mm f/2.8L II USM, montagem Ioptron Skyguider Pro e câmera QHY163m com filtros LRGB da Optolong. Foi a primeira vez que usei esse setup. Ao todo foram 90 frames de um minuto para a Luminância e 12 frames de 1 minuto para cada uma das cores.

A imagem registrada você vê no alto do post, o resultado dela e, principalmente, a experiência de captura e processamento, me fez chegar a várias conclusões sobre o equipamento utilizado que preciso compartilhar com vocês.

A Câmera QHY163m é de uma versatilidade incrível para trabalhar com trackers e lentes.

Eu já tinha tido algumas experiências com a QHY163m que, na verdade, tinham me deixado um pouco decepcionado com esta câmera monocromática resfriada com sensor de 4/3 polegadas. Sempre que tentava elevar o ganho da câmera, o resultado eram frames com muitas áreas mais claras ou escuras, que não eram ajustados nem com o uso de dark frames. Comecei a achar que o ganho dessa câmera era algo inútil, mas percebi que, quando os frames são mais curtos, o ganho mais elevado não deixa marcas na imagem nem quando fazemos a integração sem dark frames, mostrando que a QHY163m é uma câmera fabulosa para se fazer capturas quando o tempo de exposição por frames precisa ser mais curto, de cerca de um minuto. Na captura acima, usei ganho de 200.
O aumento do ganho, é claro, traz mais ruído, mas é compensado por podermos fazer uma quantidade maior de frames no mesmo intervalo de tempo em que faríamos frames longos sem ganho. Só fique atento com áreas muito brilhantes na imagem, pois a elevação do ganho tende a diminuir o range dinâmico da câmera, o que pode fazer áreas mais brilhantes estourarem com facilidade.

A Guiagem do Ioptron Skyguider Pro funciona muito bem

Os frames da captura acima foram de apenas um minuto. Não parece nenhuma novidade. Eu já tinha conseguido um minuto por frame com lente de 200mm até com o Ioptron Skytracker, tracker sem guiagem que eu tive antes de comprar o Skyguider Pro. Mas não se deixe enganar, eu coloquei um miniguider de 50mm com câmera QHYIII-224c no lugar do contrapeso e o resultado é que, com o polo alinhado e a guiagem ativada, praticamente não havia deslocamento de um frame para outro. Tanto que eu capturei por mais de duas horas sem precisar tocar na montagem para fazer ajuste de enquadramento, algo que eu sempre tinha que fazer em capturas mais longas com o Skytracker. No fim da captura, resolvi fazer um frame de 3 minutos só pra analisar a precisão da guiagem e as estrelas estavam perfeitas. Mais ainda, não houve um único frame com erro de guiagem. Eu pude aproveitar tudo o que capturei, enquanto com o antigo Skytracker a perda chegava perto dos 40%. Realmente o recurso de guiagem faz uma diferença gigantesca nesta montagem, mesmo ela sendo tão pequena.

Eu estava bastante cético com a guiagem do Ioptron Skyguider Pro, por ele só ter motorização no eixo de ascensão reta, não permitindo qualquer correção na declinação. Mas, se a montagem estiver bem alinhada no polo e com boa correção da ascensão reta, a falta de correção de declinação não faz muita falta.

O ponto fraco do Ioptron Skyguider Pro em relação a Sky-Watcher Star Adventurer

Neste Enoc, pude comprovar como o Skyguider Pro é uma evolução tremenda em relação ao Skytracker (Eu sei! A semelhança dos nomes das montagens não ajuda no texto). Mas e em relação ao seu principal concorrente, O Sky-Wacher Star Adventurer? Bem, preciso dizer que o Skyguider tem um ponto fraco. Ambas as montagens não tem motorização no eixo de declinação, mas só o Star Adventurer tem um ajuste fino manual para este eixo, algo que, no fim, faz uma diferença enorme quando você está fazendo ajustes de enquadramento usando lentes de maior distância focal. Um colega que estava ao meu lado percebeu a dificuldade que foi conseguir colocar M4 e Antares onde eu queria na imagem acima.

Devo ser sincero e dizer que hoje, o Skyguider é um ótimo equipamento, muito superior ao Ioptron  Skytracker. mas colocado de frente com o Star Adventurer, este ajuste fino no eixo de declinação me faria optar pelo equipamento de Sky-Watcher.

Os filtros Optolong tem o melhor custo benefício possível

Lá no Enoc alguém comentou comigo que a Astronomik, fabricante de filtros caros, está processando a Optolong por quebra de patente. Faz sentido. Esses filtros Optolong são realmente assombrosos. Elas custam muito barato e oferecem qualidade de filtros de primeira linha. Ao integrar os canais de cor, eu já vi Rho Ophiuchi em cores perfeitas e lindas, só aumentei a saturação, pois esse é um objeto que sempre recebe muito tratamento. Os filtros são totalmente parafocais e de uma fidelidade de cores incrível na hora de integrar os canais. Estão anos luz dos filtros genéricos que adquiri de uma loja portuguesa alguns anos atrás e estragaram muitas capturas.

Por fim, posso dizer que a minha noite de sexta para sábado no Enoc foi das mais agradáveis que já tive. Abaixo, deixo imagens do setup utilizado. Com um setup tão leve e capaz de fazer imagens tão boas e sem muita complicação, se continuar assim, daqui a pouco não vou querer levar o telescópio e a HEQ5 para o EBA. 

Setup utilizado na imagem acima e principais componentes.

No meu setup há algo que ainda não vi alguém utilizando: Porta Filtros de Gaveta. Eles permitem a QHY163m conseguir foco com a lente e trocar os filtros da captura sem precisar retirar a câmera. É um pouco mais complicado do que uma roda de filtros, mas também mais leve. Clique aqui para ver onde comprar o adaptador no Aliexpress






segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Anote aí: Os planetas vão dar show em 2018


Colagem com duas captações em mesma escala de Marte e Júpiter, mostrando a diferença de tamanho aparente entre os dois na madrugada de 17 de fevereiro de 2018.


O ano de 2018 será um ano especial para a astronomia amadora, principalmente para os astrofotógrafos, como eu. Este ano teremos a maior oposição de Marte desde 2003. Tivemos uma evolução tremenda dos equipamentos de Astrofotografia desde aquela época, principalmente nas câmeras planetárias que hoje estão muito mais rápidas e sensíveis do que modelos de poucos anos atrás. Então, a expectativa e de que teremos imagens incríveis, mesmo de astrofotógrafos com equipamentos menores, como o meu refletor de 200mm.

Se Marte será o maior destaque, os outros planetas também estarão em ótimas condições durante o período de estiagem no Brasil Central. Encontros de Astronomia realizados durante as férias de julho e outros meses de seca serão brindados com os cinco planetas mais brilhantes desfilando no céu logo no início da noite. Por exemplo, no sábado de 21 de julho, assim que anoitecer, teremos Vênus e Mercúrio a oeste, em elevada elongação (distância angular do Sol), Júpiter aparecendo alto bem ao lado da Lua, e a leste teremos Saturno já um pouco alto e Marte surgindo enorme logo após o pôr do Sol. Os mais pacientes ainda poderão ver Netuno após as dez da noite. Já Urano estará visível mais no fim da madrugada, acessível a quem estiver disposto a virar a noite em observações. 

A noite do dia 21 de julho de 2018, um sábado, iniciará com todos os planetas visíveis a olho nu e a Lua marcando presença no céu.


Com tantas atrações no céu, será um dia ótimo para eventos de astronomia em praças, como costumeiramente o realizado pelo CASB, e fazermos nascerem muitos futuros astrônomos amadores ou mesmo futuros cientistas (embora muitos clubes talvez prefiram fazer o evento no dia da oposição, pelo destaque que a chamada atrai). Para os astrofotógrafos, teremos a excelente oportunidade de registrarmos todos os planetas numa única noite. Olha que legal! 

A seguir, somente por uma questão de tempo para elaborar o post, destaco os três planetas mais fotografáveis.

 Júpiter
Atualmente, Júpiter tem sido o primeiro planeta brilhante a aparecer no céus a leste. É melhor visto durante o fim da madrugada, quando fica bem alto, já garantindo aos mais notívagos excelentes observações e registros. A oposição de Júpiter ocorrerá em 9 de maio, no início do período de estiagem em grande parte do Brasil.

Como é um planeta muito grande e sua distância do Sol é muito maior do que a Terra, a verdade é que o tamanho aparente de Júpiter não varia muito durante o ano, o que muda mais é a conveniência de sua observação. Além disso, quando o planeta aparece por mais tempo no céu, temos muito mais chances de acompanhar os frequentes e interessantíssimos eventos que ocorrem em seu sistema, como o surgimento de novas tempestades, variações na Grande Mancha Vermelha, eclipses e trânsitos de suas Luas. Durante a oposição, Júpiter ficará doze horas visível no céu, o que permite um acompanhamento muito melhor do planeta. Nesta época talvez eu até arrisque uns vídeos de Júpiter. Estou me planejando para isso.



Saturno, registrado no dia 13 de fevereiro, no fim da madrugada, ainda muito baixo no céu.

Saturno
Saturno entrara em oposição em 27 de junho, um mês antes de Marte. Mas neste momento o planeta está aparecendo no céu um pouco mais tarde que o planeta vermelho. Numa lenta corrida entre as estrelas, Saturno está se aproximando de Marte e no dia 2 de abril os dois planetas estarão a pouco mais de um grau de distância, com a Lua passando bem próximo aos dois numa conjunção e alinhamento espetacular que ocorrera no dia 07 de abril. Veja as imagens abaixo, retiradas do software Stellarium.

Na madrugada de 2 de abril de 2018, Saturno e Marte caberão no campo de visão de uma câmera DSLR acoplada a um refrator de 710mm de distância focal, como o meu.

 
Na madrugada de 7 de abril de 2018, Lua, Marte e Saturno caberão no campo de visão de uma DSLR equipada com lente de 200mm.

Marte
Marte ainda está pequeno no céu, com pouco mais de 6 segundos de arco de diâmetro (ou ângulo) aparente. Na imagem do alto do post vemos uma montagem com dois registros que realizei no último fim de semana. As capturas estão na mesma escala. Foram feitas com refletor de 200mm com distância focal de 900mm acrescentado de Extender 5x, o que aumenta a distância focal para quatro metros e meio. A montagem mostra como Marte ainda está pequeno quando comparado com Júpiter.

Marte ainda está a mais de 200 milhões de quilômetros de distância da Terra e surge no céu no fim da madrugada. Neste momento só astrônomos e astrofotógrafos amadores muuuuito dedicados vão se aventurar a registrar ou observar o planeta num tamanho aparente tão pequeno, mas na oposição do dia 27 de julho de 2018 o planeta vermelho estará a cerca de 57 milhões de quilômetros de distância e apresentará um tamanho aparente de mais de 24,2 segundos de arco, surgindo já do início da noite. 

Para efeito de comparação, na oposição de 2016 o diâmetro aparente máximo de Marte foi de 18.4 segundos de arco. Teremos uma oposição comparável com a de 2018 somente em 2035. Se você tem 20 anos de idade, terá 37 na próxima oposição comparável (Eu terei 57!). Um evento como esse, em época de seca e férias, não é algo a se perder.

Para aqueles mais dedicados algo muito interessante sobre Marte é a forma como o planeta caminha entre as estrelas. O planeta segue rumo a oeste até o meio de junho, aparecendo cada vez mais cedo, quando começa a frear e passa a se dirigir para leste até o fim de agosto, quando termina o seu loopping entre as estrelas e volta a caminhar para o oeste. Registrar este movimento pode ser uma atividade interessantíssima para aqueles que possuem equipamentos mais simples.

É isso aí pessoal, preparem seus telescópios. 2018 será um ano incrível para astrônomos e astrofotógrafos amadores apaixonados pelos planetas do Sistema Solar.


domingo, 18 de fevereiro de 2018

O Tripleto de Leão, do Águas Claras

Tripleto do Leão - Registrado com refrator de 102mm e Câmera QHY163m.
Mesmo sob a enorme poluição luminosa de Brasília, eu sigo me aventurando fora das fronteiras da Via Láctea. O alvo agora foi o Conjunto de Galáxias Tripleto do Leão, registrado na madrugada de sexta para sábado, da varanda do meu apartamento, em Águas Claras.

O Tripleto do Leão é formado pelas galáxias M65 (abaixo, à esquerda), M66 (acima, à esquerda) e NGC 3628 (à direita). Estas três grandes galáxias estão a cerca de 35 milhões de anos-luz da Terra. As galáxias estão na direção da constelação que dá nome ao grupo, aparecendo no céu pouco depois do início da noite.

Não gostei tanto do fundo, com algumas manchas de sujeira impactando a imagem, mas os detalhes e as cores dos objetos ficaram muito bons. Eu acho esse conjunto belíssimo e existe enorme possibilidade que eu volte a ele quando estiver num céu escuro, se tiver a oportunidade, é claro.

Para esta fotografia, usei os filtros LRGB da Optolong e também um filtro CLS à frente da roda de filtros. Como é um filtro de 1,25 polegadas, acabei tendo muitos problemas com vinhetagem. Para continuar usando um filtro CLS, vou ter que trocar ele por um modelo de 2 polegadas ou passar a usar a ATIK314L, com um sensor menor. Ainda assim, sinto que posso evoluir muito com este tipo de fotografia da Varanda do Apartamento.

Foram 142 frames de um minuto, sendo 97 de Luminância e 15 para cada cor.
Telecópio: Refrator ED 102mm F7
Câmera: QHY163m
Montagem: Skywatche HEQ5.

Abaixo, vemos cada galáxia em detalhes:

Galáxia Espiral M65

Galáxia Espiral M66

NGC 3628 é conhecida como Galáxia do Hambúrguer

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Fotografando Galáxias da Varanda do Apartamento

Galáxias M96 e M95, capturadas com a câmera QHY163m, Telescópio Refrator 102mm e filtros LRGB Optolong



Fotografar galáxias da varanda do meu apartamento nunca foi algo que considerei como uma boa investida. Afinal, diferente de nebulosas de emissão, não há filtros que isolem bem a luz destes objetos da poluição luminosa de Brasília.

Mas nesta época do ano praticamente não há nebulosas de emissão visíveis da varanda do meu apartamento, apontada para o Leste e Norte. Sendo que neste momento as Nebulosas de emissão do início da noite estão todas a Oeste e as do meio da noite estão a Sul.

Mas sedento para sentar na varanda e viajar pelo céu, mesmo sabendo dos problemas com a poluição luminosa, resolvi arriscar, nem que fosse para brincar e registrar somente o borrão de algumas galáxias da varanda do meu apartamento. As escolhidas foram as galáxias M95 e M96, que caberiam juntas num único registro. Estas duas galáxias fazem parte do chamado Grupo M96 ou Grupo de Galáxias Leão I, que é um dos grupos do Super aglomerado de Virgem, do qual faz parte o Grupo Local, da Via Láctea.

A Galáxia principal do grupo M96 obviamente é aquela que dá nome ao Grupo. M96 aparece à esquerda na imagem. Ela é uma galáxia espiral a 38 milhões de anos-luz da Terra e tem magnitude aparente de 9,3. A vizinha, M95, está numa distância praticamente igual, mostrando como está ligada gravitacionalmente a M96, mas é um pouco mais pálida, com magnitude aparente 9,7.

A primeira limitação que enfrento ao registrar com filtros RGB da varanda do apartamento é no tempo de exposição por frame. Se eu tentar frames muito longos, o céu de fundo logo irá estourar a imagem. Os light frames da captura acima tem apenas um minuto de duração. Para tentar compensar frames mais curtos a solução é fazer muitos frames. A captação teve 141 frames somente de luminância, 15 frames com filtro vermelho, 20 frames com filtro verde e 14 com filtros azul.

O resultado final, embora humilde comparado com o que seria possível de uma área com céu escuro, até que me surpreendeu positivamente e me animou a seguir fazendo este tipo de registro e aperfeiçoar a técnica de captura.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Aplorando a Nebulosa Roseta

Nebulosa da Roseta, registrada na noite de sexta para sábado do último fim de semana, com telescópio refrator de 102mm F7 e Câmera QHY163mono.
A Nebulosa Roseta é uma nebulosa de emissão que surge nos céus brasileiros durante o verão, aparecendo logo depois da Constelação de Órion, na Constelação do Unicórnio. Esta nebulosa é bastante brilhante em fotografias, mas pouco visível ao telescópio, sendo muito mais fácil visualizar o aglomerado estelar aberto NGC 2244, que energiza a nebulosa a partir de seu centro, visível até mesmo com binóculos.

A grande nuvem de hidrogênio é mais formalmente reconhecida pelo sua catalogação do Caldwell, com o número 49, mas é mais informalmente reconhecida pela sua associação com o aglomerado estelar NGC 2244. Na verdade, vários objetos NGC compõem o que chamamos de Grande Complexo Nebular Roseta, formado pelos objetos NGC 2237, NGC 2238, NGC 2238 e NGC 2246.

A Nebulosa Roseta está a cerca de cinco mil anos-luz da Terra e possui cerca de 130 anos-luz de diâmetro. Para efeito de comparação, isso é aproximadamente o dobro do comprimento da Nebulosa da Lagoa, que está numa distância parecida, embora em posição oposta. Seu diâmetro aparente (o tamanho que vemos da Terra) é cerca de duas vezes o diâmetro aparente da Lua.

A Nebulosa Roseta esta localizada entre os chamados braço de Orion (onde está a Terra) e de Perseus, da Via Láctea. O Braço de Perseus é considerado o braço principal da Via Láctea. Ele sai do núcleo galáctico do outro lado da Via Láctea e passa atrás da Terra deste lado da Via Láctea. Estudos apontam que o Braço de Orion, onde Nebulosa de Orion e a própria Terra estão localizado, na verdade seria uma ramificação do braço de Perseus, mas isso ainda não está confirmado.


A cinco mil anos da Terra, a Nebulosa Roseta está entre os braços Galácticos de Orion e Perseus. O Sol está do lado interno do Braço de Orion, virado para o Braço de Sagitário (imagem:http://www.atlasoftheuniverse.com/).


Eu já visitei a Nebulosa da Roseta algumas vezes, nas mais variadas formas, com os mais variados tipos de equipamentos. É um objeto ótimo para se registrar tanto em Hubble Palette como em cores Naturais. A imagem do alto do post foi feita com a câmera QHY163 monocromática que comprei no primeiro semestre de 2017, mas acredito que só agora, em 2018, vou começar a aproveitar a câmera para valer. Para esta imagem, foram registrados 51 frames de 3 minutos com filtro H-alpha e mais 6 frames de três minutos para cada um dos outros dois filtros, Oxigênio III e Enxofre II.

Em todos os frames eu utilizei binning 2x2. Binning é quando você agrupa pixels da câmera para simular pixels maiores e assim conseguir mais sensibilidade. Isso incorre na diminuição da resolução. Mas para mim é a maior vantagem de se ter uma câmera com grande resolução e uma sensor maior. Com o Binning 2x2, eu faço os pixels da QHY163m ficarem grandes como o da Atik 314L+, minha outra câmera, mas ainda consigo quatro megapixels, uma resolução quatro vezes maior do que conseguiria com a Atik 314L+. Um bining 2x2 quer dizer que a cada 2 pixels horizontais e dois verticais, teremos um único pixel, mas duas vezes maior. Se o binning for 3x3, seriam 3 pixels verticais e 3 horizontais. Mas assim a resolução diminuiria em 9 vezes, o que tiraria muito da resolução da QHY163m, que na verdade, só permite binning de no máximo 2x2.

Este crop da imagem acima destaca os glóbulos de Bok da Nebulosa Roseta próximos a nuvens de poeira.

Esta "montanha" de hidrogênio é outra área de destaque da Nebulosa Roseta. Ela lembra montanhas que já vimos nas nebulosas América do Norte e Pelicano, entre outras.

 Como toda nebulosa de emissão, a Nebulosa Roseta em cores naturais é vermelha, apresentando traços em azul principalmente em seu interior. Sua forma, quando vista em cores naturais, reforça o apelido da nebulosa, que realmente lembra um grande botão de rosa flutuando por trás das estrelas. A Nebulosa está se espalhando do centro para fora, criando ondas de choque com as regiões em volta, que comprimem as nuvens de gás e geram formações como a da imagem logo acima. A Nebulosa Roseta tem um aspecto que lembra um pouco as nebulosas planetárias, mas sua extensão é muito maior do que o tamanho típico de uma planetária, sendo uma nebulosa com natureza semelhante a nebulosas como a da Lagoa (M8), por exemplo.

Nebulosa Roseta registrada em cores naturais. Composição de registro em H-alpha feito com câmera monocromática Atik 314L+ e cores capturadas com câmera DSLR Canon T2i, ambas com a lente Canon 200mm EF 2.8 USM II.

Registro feito somente com DSLR Canon T2i, lente de 200mm F2.8 e Ioptron Skytracker. Um setup bastante portátil que levei para chácara no Natal de 2016.