terça-feira, 25 de dezembro de 2012

A ocultação de Júpiter pelo Travelscope 70mm


Hoje ocorreu a fantástica ocultação de Júpiter pela Lua, um de meus eventos astronómicos preferidos. Eu havia dito que ia tentar fotografar, mas aconteceu que a CG-5GT não estava comigo. Não por que ela foi vendida, já que eu cheguei a anunciar em algumas redes sociais que a montagem estava a venda, mas por que ela já foi enviada para o local onde tentarei fazer algumas fotos de DSOs em janeiro.

Sem a CG-5GT seria impossível eu usar o ED de 102mm para fotografar a ocultação de Júpiter, pois a única montagem que ficou disponível foi a EQ1, que não aguenta o peso do ED (ele é bem mais pesado do que parece). A solução então foi colocar o telescópio guia do ED sobre a EQ-1, um Celestron Travescope de 70mm de abertura e apenas 400mm de distância focal. Não é o telescópio ideal, mas era o que eu tinha em mãos.

É uma foto sem grandes atrativos, mas que mostra que dá para fazer coisas legais mesmo com um equipamento mais simples. eu usei a câmera DBK41AU02.AS para fotografar, mas também poderia ter usado a Canon T2i com o EOS Movie Recorder que provavelmente me dariam resultados semelhantes.Optei pela Imaging Source por ser muito mais leve. Infelizmente as nuvens (e a janta) não me deixaram registrar o evento inteiro.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Nebulosa Cabeça de Cavalo da varanda do apartamento: A Atik 314L+ mostra a sua força



Sim, era para eu estar de férias, mas bastou eu empacotar minhas coisas no domingo à noite que o céu resolveu abrir completamente aqui em Brasília. Eu andava meio inconformado com isso, mas ontem, mesmo chegando em casa depois das onze da noite por causa de um curso, resolvi parar de me lamentar, desempacotar tudo e tentar umas fotos. Dessa vez não foi com a Canon T2i, mas com a Atik 314L+, que um amigo meu trouxe dos Estados Unidos e pela qual eu tenho enorme expectativa para 2013. Eu também usei um filtro h-alpha de 7.5nm, o que teoricamente, aliado a uma CCD monocromática, daria ótimos resultados.

E realmente o setup não decepcionou, pelo contrário, superou todas as minhas expectativas. Bastaram apenas 60 segundos de exposição com a lente de 135mm para que eu conseguisse uma imagem bem definida da nebulosa cabeça do cavalo. Fiz 42 frames e empilhei tudo no DSS. Não fiz nem darks nem flats frames. Já escutei que a Atik 314L+ é tão boa que muitas vezes isso não é preciso. E como disse no post anterior, uma lente de relação abertura distância focal F2.5 absorve luz 8 vezes mais rápido do que meu telescópio F7.1. Essa imagem, com um filtro de banda estreita, com frames de apenas um minuto de duração, comprova isso. 

Para juntar a Atik 314L a uma lente de câmeras Canon, estou usando um adaptador da Geoptik. Ele custou 120 Euros e mais 40 de frete. Para minha infelicidade, foi entregue pela UPS, que arranca até as nossas calças de tanta taxa que cobra na hora de entregar a encomenda. Apesar disso, estou muito satisfeito com esse adaptador, pois ele cumpre muito bem a função, conecta o setup ao tripé e, o melhor de tudo, permite rosquear um filtro astronómico na lente, que pode ser trocado sem se retirar a câmera, somente a lente sai. Acho que valeu muito a pena o investimento.

Também tenho que dizer que adorei utilizar a Atik 314L+. O programa de captura Artemis, que vem com o CD da 314L é simples e muito intuitivo. Configurei o programa para manter a câmera na temperatura de 5 graus e ela manteve-se nessa temperatura a noite toda, o que é fabuloso.

Antes de dormir, também fiz algumas imagens da Nebulosa da Rosetta. Esta foi um pouco mais difícil por que o céu começou a nublar, e isso sempre provoca uma queda de qualidade nas imagens, mesmo assim a imagem ficou interessante e merece ser publicada.


Eu sentia que estava devendo uma imagem realmente boa, mesmo daqui do meu apartamento. E fechar o ano com essa imagem da Nebulosa Cabeça do Cavalo mostra aos leitores deste blog que 2013 promete. Mas para frente vou começar a usar os filtros coloridos e os outros de banda estreita e tenho certeza que muita coisa legal vai aparecer por aqui.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Testando a lente Takumar de 135mm e Férias!


Mais uma noite que vou para fora brigar com as nuvens. Fiz 42 frames da Espada e do Cinturão de Orion (muitos com nuvens), mas a maior perda foi não ter conseguido fazer os flat frames como eu gostaria, pois o céu fechou pra valer depois. Também não pude fazer imagens com exposição menor, para não estourar o núcleo da nebulosa de Orion. Mas o objetivo mesmo era testar uma lente antiga comprada no mercado livre. 

Como vocês sabem, eu devolvi a lente 135mm da Nikkor ao Sandro Rosa. Eu gostei muito da experiência de fotografar o céu com uma lente assim usando a Canon T2i sobre a EQ1. Esse é um setup leve e portátil, excelente para viagem, ou dias de preguiça (principalmente quando o céu não está muito confiável).

Adquirir uma lente antiga é uma boa opção para astrofotografia. Elas custam de cinco a dez vezes menos do que uma lente nova. É claro que elas não tem foco automático e nem estabilizador de imagens, mas isso são duas coisas que você definitivamente não vai usar em astrofotografia e que consegue viver sem se ainda quiser usar a lente para fotos normais.

Uma qualidade que me agradou muito na Takumar foi que, mesmo com o diafragma aberto no máximo (F2.5), as estrelas das bordas ficaram redondinhas. Eu senti uma leve aberração cromática na imagem. mas apesar disso, acho que vou brincar muito com esta lente.

A imagem acima foi feita no Águas Claras, não vou nem reclamar da poluição luminosa, o que tem atrapalhado mesmo são as nuvens. Muitos dos frames utilizados nesta imagem continham pedaços de nuvens, mas o pior mesmo foi eu não poder fazer os flat frames do jeito que queria (tirando completamente o foco da lente a apontando para uma área próxima sem estrelas brilhantes, o que é muito eficiente) por isso a vinhetagem na imagem foi enorme. Repare que no meio a imagem acima está um pouco avermelhado, pois eu não consegui tirar toda a vinhetagem sem agredir a nebulosa, algo que não queria de forma alguma.


Eu também estava doido para usar a Atik 314L+ e até me arrependendo de não ter feito o teste da Takumar 135mm direto com ela, pois quando quis ligar a câmera o céu estava completamente tomado por nuvens. Mesmo assim, resolvi ligar a Atik, sobre um tripé de máquina fotográfica e fiz uma imagem da Torre de TV Digital de Brasília, que é bem visível do meu apartamento, embora distante.

A ideia era somente verificar se a câmera estava funcionando bem, afinal ela veio na mala de um amigo dos EUA. Felizmente pude comprovar que está tudo em perfeito estado e fiz a primeira imagem da Atik 314L+, que não foi do céu, mas da Torre de TV digital de Brasília.

A primeira imagem feita com a Atik 314L+

A Atik sobre um tripé de câmera fotográfica com a lente Takumar 135mm F2.5
Eu tenho grande expectativas com o uso da Atik 314L+ mais essa lente de 135mm. Vale lembrar que uma lente F2.5 absorve luz 8 vezes mais rápido do que o meu telescópio F7.1 ((7.1*7.1=50.41)/(2.5*2.5=6.25)=8.06). É claro que com menos aumento, mas maior campo. Como eu consigo sem tanto esforço 1 minuto de exposição com a lente 135mm sobre a EQ1, isso ia significar a mesma coisa que 8 minutos de exposição com o telescópio F7.1, o que tornaria possível fotos muito interessantes com esta CCD sobre a EQ-1.

É isso aí pessoa, considero o Blog agora como em Férias. Pretendo voltar destas férias a partir do meio de janeiro, se tudo der certo com algumas imagens bem interessantes. Torçam para que as nuvens de janeiro me dêem uma chance (PS: Se eu fotografar a ocultação de Júpiter em 25/12, haverá um post extra).

Um grande abraço a todos e boas festas!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Agora a brincadeira ficou séria: chegou a Atik 314L+

A Atik 314L+ conectada ao meu setup

Ontem um amigo que estava voltou de viajem aos Estados Unidos me entregou a encomenda mais esperada dos últimos meses: uma câmera Atik 314L+. Para quem não conhece trata-se de uma excelente câmera CCD monocromática, feita por uma das melhores fabricantes da área.

Eu estou absolutamente otimista com esta nova câmera. Mas posso dizer que a escolha pela Atik 314L+ não foi fácil. Primeiro começou com uma quase desistência de se fotografar com CCD, como descrevi num post logo após o EBA. Eu cheguei a pensar que fotografar com CCD deve ser muito complicado e, principalmente, demorado, e estava pensando em me concentrar apenas em fotografia de DSLR, até que pensei: "Eu estou aqui é por prazer! Pouco me importa se seja mais complexo ou demorado, pra mim tudo isso é diversão." E decidi que iria para o CCD, principalmente pelo sonho de se produzir imagens em banda estreita. Além disso, o uso de filtros de banda estreita numa câmera monocromática torna possível a captação de imagens muito boas mesmo através da poluição luminosa presente sobre o meu apartamento.

Na hora de comprar a câmera, aconteceu uma surpresa. eu sempre falei para todo mundo que quando comprasse uma CCD, iria comprar uma com o sensor KAF8300, da Kodak, pelo grande custo benefício, já que é um sensor grande. Mas na hora de pesquisar, e pesquisei muito, percebi que o tamanho do sensor não é a única coisa que define a qualidade de uma CCD. O tamanho dos pixels, a sensibilidade, e o sistema de resfriamento fazem muita diferença.

Mas eu também queria uma câmera leve e fiquei interessado pelos modelos compactos da empresa Atik, que é muito respeitada. Fiquei de olho nos modelos 314E, 320E e 314L+. A 314E, com o sensor ICX205AL (o mesmo da Imaging Source DMK41AU04.AS) e resolução de 1360 por 1024 era a mais barata delas, a 320E, que utiliza o sensor ICX274 era a que tinha a maior resolução, 1620 por 1220 e me pareceu a opção mais interessante num primeiro momento. A 314L+ tinha a mesma resolução da 314E e era mais cara do que a 320E, mas comecei a ler vários fóruns da estronomia e, principalmente, procurar por exemplos de imagens feitas com esta câmera e não demorei a perceber por que, apesar dela ser a mais cara das três, era também a mais popular.

A 314L+, tem a mesma resolução da 314E, mas seu sensor é até maior do que o da 320E, por que seus píxels são bem maiores. Os píxels da 314L+ medem 6.45 μm, contra 4,4 μm da 320E. eles também são maiores do que os das câmeras com sensor KAF8300, que possuem píxels de 5.4μm. Píxels maiores se traduzem em maior sensibilidade e menos ruído. Lí vários fóruns que disseram que a única vantagem da Atik 383+, com sensor KAF8300, em relação a 314L+ é o maior campo. A atik 314L+ também se destaca por seu incrível peso, ou melhor, pela falta dele, pesando apenas 400g, contra 750g da Atik 383L+.

No fim, quase que ainda fui seduzido por uma promoção da Orion, que estava oferecendo a Starshoot Deep Sky III, com o mesmo sensor da 314L+, por meros mil dólares, contra 1550 dolares da Atik 314L+, e ainda mais, a Orion dava de brinde uma roda de filtros e um conjunto de filtros LRGB. Apesar de já ter os dois acessórios, eu poderia vendê-los facilmente depois, conseguindo até uns mil reais pelos dois juntos. Era uma oferta realmente sedutora.

Mas mais uma vez caí de cabeça na pesquisa, consultei amigos e vi que a 314L+ seria a melhor opção. A Orion, deve ser uma câmera boa. Acredito até que esta promoção tão agressiva seja para que mais pessoas comprem a Starshoot III e divulguem fotos feitas com ela, pois há muito pouco material desta câmera divulgado na internet, mas eu pude tomar conhecimento que o sistema de resfriamento da câmera da Orion não é tão eficiente quanto o da 314L+, que mantém a temperatura da câmera constante durante toda a noite.

A Starshoot III também tem um corpo exageradamente grande. A Orion quis aproveitar o mesmo corpo da Starshoot Pro, mas está última câmera tem um sensor enorme, enquanto o da Starshoot III é muito menor. O resultado é que a Starshoot 3 pesa o dobro da Atik 314L+ e tem um corpo muito largo que acabaria batendo facilmente do tripé (um amigo que possuí a Starshoot Pro enfrenta constantemente este problema). Resolvi então optar pela câmera mais cara, mas mais leve e compacta, acreditando que não irei me arrepender da escolha.


Eu talvez só consiga testar a 314L+ com o telescópio em fevereiro, mas estou com um adaptador que tornará possível usá-la nas férias, com a EQ-1 e uma lente da Canon. Vai ser muito bom para eu aprender a usá-la. A ideia é chegar no EBA 2013 íntimo desta câmera.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Constelação de Órion do Águas Claras

Clique na imagem para ver maior

Ontem o céu abriu um pouco aqui no Águas Claras. Não foi um céu perfeito, estava com muitas nuvens, mas não estava embaçado. Onde não havia nuvens a imagem estava perfeita.

Era uma boa noite para levar o telescópio para a varanda, mas eu estava cançado demais devido ao trabalho e por estar fazendo um curso até dez da noite e ter que voltar de ônibus. Então resolvi optar pelo setup portátil, com a EQ-1. Foi uma pena que o adaptador M42 que adquiri para usar numa lente de 135mm da Takumar que chegou recentemente, ainda está em transito para cá. E como eu já devolvi a lente de 135mm do Sandro Rosa, a única que eu tinha era a de 50mm F1.8, que tem lá suas deficiências e, pior, com um campo muito grande nunca é fácil de se conseguir imagens limpas num céu com muitas nuvens.

Apesar de tudo, o que eu queria mesmo era brincar e não estava muito preocupado com qualidade, isso eu deixo para quando tenho um céu escuro e uma noite inteira para fotografar, não quando começo a meia noite e meia, depois de um dia de ralação no trabalho, do meio do Distrito Federal.

Eu devo ter feito uns 70 light frames, mas a maioria perdi por causa de nuvens passando em frente a câmera, na verdade até mesmo alguns dos light frames utilizados no empilhamento também tinham alguns vestígios de nuvens, mas eu tive que usá-los. Para diminuir a vinhetagem utilizei alguns flat frames. Não ficou perfeito, mas ficou muito melhor do que o empilhamento sem os flats (eu fiz o teste).

Dá para melhorar muito esse resultado, mesmo aqui do Águas Claras e com esse mesmo equipamento. Basta um céu realmente limpo e que eu tenha mais tempo de exposição. De qualquer forma em janeiro eu devo ir para um lugar escuro e se conseguir pelo menos um dia de céu limpo, tenho certeza que posso conseguir algo bem legal com esse equipamento (e a 135mm já estará operacional).

Abaixo um crop da imagem acima (que também é um crop com 60% da imagem original). O resultado até que me deixou muito feliz para um lente de 50mm.
Crop da região do cinturão e da espada.