terça-feira, 14 de maio de 2013

Rho Ophiuchi com a lente de 50mm. Quando o bom também é barato


Vejam a imagem acima. algumas pessoas tem dito que ela é a minha melhor  imagem. Não sei se é verdade, mas tenho que dizer que gostei muito dela. Trata-se do complexo nebular de Rho Ophiuchi, uma das regiões mais bonitas do céu.

A imagem foi feita durante o último Enoc, com a técnica simples de colocar câmera e lente sobre a montagem porcamente alinhada, tentar alguns lightframes e fazer darkframes. A câmera foi a Canon T2i modificada, mas é a lente que tenho que destacar. O "telescópio" usado para a foto acima foi uma lente Canon EF 50mm F1.8, que custa 120 dólares do exterior e no Mercado Livre pode ser encontrada nova por valores entre 300 e 400 reais. Uma pechincha em se tratando de lentes. Na verdade acho que é a lente mais barata da Canon.

Apesar de ser muito barata, a lente EF 50mm F1.8 sempre foi uma grata surpresa em praticamente todas as situações em que a utilizei. Seja filmando em locais escuros com a GH2, seja fotografando minha família ou mesmo paisagens, a qualidade desta lente sempre me impressionou. Enquanto a lente 18-55mm que vem com o kit da Canon trabalha em 50mm com uma distância focal de F5.6, a fixa EF 50mm F1.8 consegue ser até nove vezes mais rápida nesta mesma distância focal. Ou seja, o que a lente do kit faz em um décimo de segundo, a F1.8 precisa de apenas um centésimo. Isso pode significar a diferença entre precisar ou não de um tripé para fotos normais.

Mas não é só isso. Com uma abertura de F1.8 mesmo uma foto feita sob a luz do Sol fica muito melhor, pois fica com mais profundidade, pois com ela conseguimos aquele belo efeito em que vemos as pessoas em foco e o fundo completamente desfocado, dando muito mais destaque para o alvo da foto enquanto com a lente 18-55 a imagem fica chapada.

Mas é claro que em Astrofotografia não basta a lente ser clara, ela também precisa ser uniforme, garantindo o foco em toda a sua extensão e não produzindo coma na imagem final. Sim, a 50mm F1.8 não produz uma imagem plana com o diafragma totalmente aberto, mas na boa distância focal de 3.2 a imagem fica perfeita. A 18-55mm do kit também não fica perfeita em F5.6 precisando fechar ainda mais a lente.

Com uma distância focal de apenas 50mm, o alinhamento não precisa estar em sua plenitude, por isso pude fazer tempos de exposição de 90 segundos para a imagem acima sem que as estrelas apresentassem arrasto.

Eu acredito que é esta lente de 50mm que deveria acompanhar as DSLRs de entrada e não a 18-55mm, que sou obrigado a dizer, é de qualidade sofrível quando comparada com esta 50mm. Na verdade todas as lentes Zoom baratas da Canon, como a 70-300mm ou a 55-200mm são sofriveis. Mas acho que a 50mm não acompanha as câmeras por que as pessoas (eu me refiro ao público leigo) estão acostumadas demais com a ideia de que boas câmeras são as que tem mais zoom e não aceitariam bem uma lente sem  nenhum zoom, mas a verdade é que me parece que muitas pessoas só veem o quanto as suas DSLRs podem ser superiores a uma câmera compacta ou mesmo uma superzoom quando adquirem esta lente. Talvez por isso a 50mm F1.8 seja tão barata, o seu preço é a melhor forma de atrair os proprietários de DSLR para o mundo das lente de grande abertura.

Abaixo segue outra imagem com a mesma lente, dessa vez destacando o centro da Via Láctea.



segunda-feira, 13 de maio de 2013

Vigésimo Primeiro ENOC, finalmente um céu escuro

O Cruzeiro do Sul, com a Canon T2i e a lente de 135mm F2.0

Cruzeiro do Sul
Luziânia - Goiás - 11 de maio de 2013
Exposição 21x90 segundos ISO 800
Canon T2i modificada
Canon 135mm F2.0 @2.5
Celestron CG-5GT

Esse fim de semana foi de Encontro Observacional do CAsB, quando o Clube de Astronomia de Brasilia organiza um evento numa fazenda ou pousada distante das luzes de Brasília para desfrutarmos de um céu sem poluição luminosa. Nesta edição o encontro foi numa fazenda, próxima de Luziânia, em Goiás. O Local não tem um céu como o da chapada dos Anões, mas é um deleite para quem está acostumado com o céu urbano de Brasília.

Eu fiz sete fotos. Quatro boas, duas mais ou menos e uma fail. Muito para uma noite apenas, já que não pude ir na sexta, devido ao trabalho. O elevado número de fotos numa única noite é principalmente pelo fato de que o Setup usado foram duas lentes, as Canons F135mm F2.0 e a 50mm F1.8, que foram usadas não com a Atik 314L, mas sim com a Canon T2i modificada, já que a Atik 314L foi distraidamente esquecida em casa.

No fim acho que ter esquecido a Atik foi algo até bom. Num céu escuro, bom mesmo é usar a Canon, que sendo colorida e tendo um grande campo acaba sendo muito mais divertida de usar do que a CCD monocromática. 

Me impressionou, principalmente, em ver como a lente 135mm F2.0 se comportou de maneira totalmente diferente da DSLR em relação à CCD. Na CCD focar é um martírio, e quando você pensa que atingiu o foco perfeito a imagem bagunça e halos surgem nas estrelas, quando os halos somem a imagem fica com um coma enorme, o que era inesperado para um sensor muito menor do que o da T2i. Nesta, mesmo em F2.0 a lente de 135mm quase não apresenta coma. A imagem acima foi feita com o diafragma aberto em F2.5 e não houve crop nem correção do coma. Mostrando que a lente valeu a grana pesada que investi nela.