segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sexto EBA: Nebulosa Gama Cygni


Saindo do forno mais uma imagem do Sexto Encontro Brasileiro de Astrofotografia feita pelo autor deste blog. Trata-se da Nebulosa Gamma Cygni. A imagem acima foi feita com uma técnica interessante. Capta-se o luminance (imagem em preto e branco com detalhes do objeto) com a Atik 314L+ e o filtro h-alpha de 7nm enquanto o RGB é capturado com a Canon T2i modificada. Ambos com a lente de 135mm F2.0

A Nebulosa Gamma Cygni é uma das mais fáceis de se encontrar no céu, pois está exatamente atrás da estrela Gamma Cygni (daí o seu nome). Gamma Cygni é uma brilhante estrela bem no coração do asterismo da constelação do Cisne com magnitude +2.2 (asterismo são as estrelas cuja composição formam o desenho que dá o nome a uma constelação, já a constelação é uma área demarcada no céu, como um loteamento). A estrela não faz parte da nebulosa. A nebulosa está a mais de 3 mil anos luz de distância enquanto a estrela está a um pouco mais de metade deste caminho.

A nebulosa Gama Cygni é catalogada como IC 1318, é também é chamada de ButterFly Nebula (Nebulosa da Borboleta), nome que divide com a planetária NGC 6302, que por sua vez também é chamada de Bug Nebula.

Na imagem abaixo vemos a captação feita com a Canon T2i e a Lente de 135mm, apesar de menor resolução a imagem tem bem mais campo. É possível vermos a Nebulosa Crescente, NGC 6888 na parte superior esquerda da imagem. A constelação do Cisne, como Sagitário, Escorpião e o Cruzeiro do Sul, está na frente de Via láctea, sendo uma área interessantíssima para observação e fotografia de nebulosas.


domingo, 14 de julho de 2013

Sexto EBA: Alpha Centauri, Hadar e, principalmente, Proxima Centauri


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Chegou a hora de começar a mostrar as fotos que fiz no Sexto EBA. Começo com a primeira foto de Wide Field que fiz. Os alvos foram as estrelas Alpha Centauri e Hadar. Uma das poucas áreas que não estavam cobertas por nuvens naqueles primeiros momentos da noite de sexta-feira em que o EBA começou (os dois primeiro dias tiveram algumas nuvens que depois sumiram, para alegria de todos).

Trata-se de uma imagem simples, composta por 32 frames de apenas 45 segundos de exposição, feitos com a Canon T2i sobre a montagem CG-5GT e com a lente de 135mm. Vale lembrar que a minha CG-5GT, que parecia estar com problemas, trabalhou muito bem no EBA, me deixando mais tranquilo em relação a seu funcionamento. Com o passar dos dias, eu fui aumentando o tempo de exposição, enquanto aperfeiçoava o alinhamento da montagem.

O mais legal da foto acima é que o objeto mais interessante para mim é apenas um pequeno ponto vermelho, que aparece misturado com a infinidade de estrelas. Trata-se de Proxima Centauri, a terceira estrela do sistema de Alpha Centauri, composto por duas estrelas de tamanho próximo ao Sol e uma anã vermelha, Próxima Centauri. Esta estrela é conhecida por ser a mais perto da Terra depois do Sol e é curioso que seja tão difícil de achar. Também acho surpreendente que esteja a enormes 0,2 anos luz de seu sistema central. Plutão, por exemplo, está a apenas 5 horas luz do nosso Sol. A estrela é considerada como parte do sistema de Alpha Centauri por estar presa gravitacionalmente às duas irmãs maiores, orbitando em torno do centro gravitacional das duas.

Abaixo eu fiz um crop da imagem acima. Neste crop vemos a posição de Proxima Centauri. Me surpreende ver como a estrela esta longe de seu sistema central e também por ser pouco tão pouco brilhante para a estrela mais próxima do Sol. Deve ser pouco visível até mesmo de um planeta em seu sistema central, brilhando como uma estrela pálida no céu. Já li histórias de que se desconfiava que o nosso Sol também teria uma estrela vermelha o orbitando, chamada Nêmesis, mas nunca foi encontrada e provavelmente nunca será, pois a sua ação gravitacional já teria sido identificada.

Proxima Centauri. A estrela mais próxima do Sistema Solar é o ponto vermelho ao lado da seta.


sábado, 13 de julho de 2013

Voltando do Sexto EBA

Participantes do Sexto Encontro Brasileiro de Astrofotografia preparam seus setups.
Foto de Severino Fidelis de Moura, participante do Sexto EBA
Estou de volta do Sexto Encontro Brasileiro de Astrofotografia. Foram seis noites sob o céu da Chapada dos Veadeiros. Foi um EBA longo para mim, pois nos outros dois que participei eu havia ficado apenas quatro dias. Foram noites completamento irregulares, onde eu tive a que foi certamente a minha melhor noite até hoje na chápada (a quinta onde não houve nuvens nem umidade), mas também houve momentos em que cheguei a pensar em ir embora (na terceira noite, quando minhas cintas térmicas falharam e eu não conseguia terminar uma exposição antes da lente embaçar por causa da umidade excessiva).

Na soma de tudo, acho que foi um ótimo EBA. Tenho cerca de trinta imagens para processar e publicar nos próximos dias. Acredito que tenho diversão e desafios para o próximo mês. Grande parte dessa produção foi devido a Canon T2i sobre a CG-5 fazendo imagens em Wide Field com a lente de 135mm, mas também fiz imagens com o CCD Atik 314L+ no telescópio sobre uma H-EQ5 que acho que vão ficar bem interessantes. 

Na parte do CCD posso inclusive dizer que, mais do que produzir, aprendi muito com este EBA. Normalmente diz-se que o EBA não é lugar para se fazer testes, mas todos os que vão ao evento, mesmo os mais experientes (o que ainda não chega a ser o meu caso), acabam aprendendo algo na enorme troca de conhecimentos e experiências entre os participantes.

Esse foi o maior EBA que participei. Haviam cerca de 25 telescópios, desde setups simples até equipamentos bem avançados. Acredito que quase todos os participantes saíram de lá com ótimos resultados e acho que centenas de imagens surgirão do evento. Eu mesmo não vejo a hora de ver o que os outros astrofotógrafos fizerem.

Para começar, deixo aqui uma primeira imagem feita por mim. Da Lua surgindo no começo da noite, sendo iluminada pelo Sol na faixa clara (e estourada) mas também pela Terra, na parte mais escura, fenômeno chamado de Luz Cinérea. Isso  ocorre por que neste momento, da Lua, a Terra aparece quase toda iluminada pelo Sol. É basicamente uma Terra cheia, cuja luz emitida nos permite ver detalhes da parte da superfície lunar que não está iluminados pelo Sol.

Lua em 09 de julho, iluminada pelo Sol e pela Terra.
Fotografada com a Canon T2i e lente de 135mm