quinta-feira, 31 de julho de 2014

Sétimo EBA: A cauda do Escorpião, para ver grande


Região da "Cauda" da Constelação do Escorpião
Alto Paraíso - Goiás - 24 de Julho de 2014
25x300 segundos ISO 800 (Canon T2i Modificada)
Lente: Canon Ef 50mm F/1.8 II
Montagem: CG-5 GT
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 45
Pós-Processamento - Photo Shop CS4

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Eu sempre digo que a lente de EF 50mm F1.8 II da Canon é com certeza o melhor custo benefício desta marca. Custando cerca de 400 reais numa feira do Paraguai ou no Mercado Livre, essa lente consegue fazer com que DSLRs de entrada produzam imagens que nada deixam a dever às DSLRs profissionais. qualquer outra lente que traga imagens comparáveis a 50mm F1.8 custará algumas vezes, ou mesmo dezenas de vezes o seu preço. Acho até que as câmeras DSLRs vendidas com lente deveriam vir com esta lente e não as tradicionais 18-55mm que as acompanham.

Para astrofotografia, a lente de 50mm F1.8 é uma pequena maravilha. Numa boa montagem com acompanhamento sua distância focal permite longos tempos de exposição, mesmo sem o uso de auto- guiagem, e com tanta nitidez que se você cortar um pedaço da imagem, pode até fazer alguém acreditar que aquele pedaço foi feito com um bom telescópio.

A 50mm F1.8 só tem dois defeitos. Primeiro, o campo demasiadamente grande é mais indicado para alguns pontos específicos do céu, e um uso regular da lente poderá fazer você em pouco tempo ficar sem saber o que registrar com ela. O segundo ponto a se considerar é que você de forma alguma deve pensar que poderá fazer suas imagens astrofotográficas com a lente em sua maior abertura: F1.8. O resultado será catastrófico, com estrelas gigantescas na borda, correndo para longe do centro.  A lente deve ser fechada em pelo menos F3.2 para resultados realmente bons. Na imagem acima eu fechei em F4 e mesmo nesta abertura é possível perceber que as estrelas da borda não estão redondas.

Mas nada do que foi escrito até aqui me faz pensar que não valha a pena levar uma 50mm F1.8 para um local como a pousada onde foi realizado o Sétimo Encontro Brasileiro de Astrofotografia, e o resultado da imagem acima é prova disso. Foi um enquadramento que eu nunca tinha feito e que me deixou muito feliz. O resultado, em termos de nitidez e cores está muito próximo do ideal para o tempo de exposição.

Um crop da imagem anterior, mostrando as Nebulosas Pata do Gato e da Lagosta. Essa imagem pode fazer um novato acreditar que ela foi feita com um telescópio e não com uma lente que cabe na palma da mão.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Primeira imagem do EBA - NGC 6604


NGC 6604
Alto Paraíso - Goiás - 27 e 28  de Julho de 2014
Luminance: 12x600 segundos Bin 1x1 (H-Alpha 7nm - Atik 314L)
RGB: 12x300 segundos ISO 800 (Canon T2i Modificada)
Telescópio: ED 102mm F7
Montagem: HEQ5
Guiagem - Orion Miniguider 50mm e Câmera DBK41AU02.AS
Empilhamento Deep Sky Stacker 3.3.3 Beta 51
Junção das duas imagens (H-Alpha + Light): Fitswork
Pós-Processamento - Photo Shop CS4


Saiu a minha primeira imagem feita no Sétimo Encontro Brasileiro de Astrofotografia. Trata-se de NGC 6604, um aglomerado aberto cercado por nebulosidade na Constelação da Serpente. Bem! Sobre o aglomerado de estrelas, em nem sabia que ele estava lá antes de ler sobre NGC 6604 na Wikipédia. Já que o que me interessava mesmo é a pálida mas bela nebulosa que cerca as estrelas.
 
Essa foto não está perfeita, o foco com a Atik 314L não foi o melhor possível. Em alguns momentos deste EBA, talvez devido aos céus muito complicados, parecia que era impossível se conseguir um bom foco com telescópios. O tempo de exposição do luminance, embora bem acentuado para os meus padrões, com frames de 10 minutos, talvez pudesse ser um pouco maior. Eu espero voltar a esta nebulosa ano que vem, da varanda do meu apartamento, com um longo tempo de exposição e com o refletor de 200mm F4.5, duas vezes mais rápido que o Refrator ED de 102mm F7 utilizado nessa imagem.
 
O mais legal desta foto, em minha opinião, é que trata-se de um objeto muito pouco fotografado. Se você for no Astrobin, ou mesmo no Google, encontrará muitas poucas imagens desta nebulosa e a minha ainda se destaca for ser colorida. Cores que captei com a Canon T2i, uma noite após captar o luminance com a Atik 314L e um filtro H-alpha.
 
É impossível não notar a parte mais brilhante da Nebulosa, uma região bastante ativa. Houve quem dissesse que sua forma lembrava o Marinheiro Popeye, fumando um cachimbo. Eu já acho que parece o desenho na bola Wilson, em o Naufrago.


terça-feira, 29 de julho de 2014

Voltando no Sétimo Encontro Brasileiro de Astrofotografia

Foto não-oficial do evento, feita por Marcelo Domingues


Mais uma vez eu retorno de um EBA, o Encontro Brasíleiro de Astrofotografia. Foi o sétimo evento e o quarto consecutivo do qual eu participo. Mais uma vez volto com a sensação de que poderia produzir mais, mas algumas escolhas erradas, muitas nuvens e até alguma chuva, atrapalharam um pouco.
 
Vamos a algumas consideração sobre minha produtividade no evento:
 
Maior Alegria: Ver a guiagem trabalhando super bem, me permitindo frames de até 12 minutos de exposição com o ED.
 
Maior frustração: Não ter fotografado o cometa Jacques, que estava super visível antes do amanhecer. Eu havia planejado para o último dia, mas uma combinação de céu ruim, frio excessívo e o fato de que no dia seguinte eu teria que dirigir de volta, me fizeram ir pra cama antes do cometa aparecer.
 
Melhor combinação de setup: O Refrator ED de 102mm com a Atik foi uma decepção no ano passado, quando eu tentei fazer fotos de galáxias, mas este ano, com filtros de banda estreita, consegui algumas imagens realmente interessantes com este equipamento. A Atik com a lente de 200mm FD também merece uma menção honrosa, a melhor foto do EBA foi com esta combinação, que só não foi a vencedora porque, por incrivel que pareça, a câmera DBK41 estava guiando melhor com o miniguider da Orion de 50mm guiando o ED de 102mm do que quando eu colocava o próprio ED para guiar a lente.
 
Pior combinação de setup: O Refletor de 200mm sobre a montagem HEQ5 teve muitos problemas, pior que não foi o vento, nem a guiagem, mas o foco que estava terrível. Depois eu descobri que foi a vibração dos ajustes que eu fiz no tripé que fizeram o telescópio descolimar, por isso eu não conseguia foco. Acho que o lugar deste telescópio é sossegado no meu apartamento, não viajando por aí. A lente de 200mm FD também merece outra menção honrosa, mas agora negativa, com a DSLR modificada os resultados foram decepcionantes, me deu muita vontade de comprar uma 200mm F2.8 EF nova.
 
É isso aí, o negócio agora é processar as imagens, no conforto da minha casa, o que é muito maís fácil do que a captura sob o vento frio e umidade da Chápada dos Veadeiros à noite, embora eu já sinta falta do ambiente do EBA, com toda aquela galera em volta, compartilhando suas alegrias e frustrações que só a astrofotografia pode promover.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Amanhã começa o Sétimo Encontro Brasileiro de Astrofotografia

Finalmente chegou o EBA. Oficialmente o evento começa da quarta-feira, mas amanhã vários astrofotógrafos já estarão em Alto Paraíso de Goiás, com seus equipamentos e muita disposição para passar várias noites acordados sobre o céu da Chapada dos Veadeiros, enfrentando frio, umidade, ventos e a escuridão, sujeitos a terem seus trabalhos impossibilidados pelo esquecimento de um simples cabo ou parafuso.
 
Ninguém está competindo, não há premio em disputa, os gastos podem chegar perto de 2 mil reais, para aqueles que vem de longe, isso desconsiderando os milhares de reais gastos em complicados equipamentos, muitos difíceis de se conseguir no Brasil.
 
Mas todos fazem isso por que são apaixonados pela atividade em si. Não fazem isso pelos comentários nas redes sociais, nem pela possibilidade de ter sua foto publicada num livro ou revista, ou quem sabe de descobrir algo. Antes de tudo, todos estamos lá por que somos completamente apaixonados pela Astrofotografia, esta área maravilhosa, e às vezes incompreendida da Astronomia, que nos permite nos transformarmos em viajantes do espaço.
 
Neste período, não haverá atualização do Blog, afinal não há internet nem mesmo um bom sinal de telefone no local do EBA. Até mesmo meu perfil no Facebook deverá ficar inativo até o dia 28 de julho. É um momento de concentração total, de contato com a natureza e com o céu, o auge astrofotográfico do ano. Espero muito aproveitar bem esses dias. Problemas acontecerão, eles fazem parte de qualquer hobby complexo como este, mas haverá muita conversa com bons amigos, e espero, belas capturas.

domingo, 13 de julho de 2014

Eu e o Telescópio Espacial Hubble


O Hubble está lá no espaço, a quase 600 quilômetros de altitude, com seu espelho de 2 metros de diâmetro e um sensor maior do que um cartão de crédito. Eu estou aqui, no meu apartamento, no décimo terceiro andar de um prédio no meio do Distrito Federal, com um espelho de 200mm que estou começando a usar e uma câmera com sensor menor do que uma moeda de 1 centavo.

Mas é legal saber, que, apesar de toda as diferenças orçamentárias e de local, eu e o Hubble podemos às vezes até conversar. Afinal, o Hubble Palette que fiz com a Atik 314L ficou muito bom e decidi fazer uma comparação com o Hubble. Abaixo vemos o resultado ao colocarmos lado a lado as minhas imagens e as feitas com o telescópio espacial da NASA. Você pode clicar na imagem para ver maior.

É claro que, mesmo reduzidas, as imagens do Hubble tem imensamente mais detalhes e elas ainda podem ser colocadas do tamanho de um poster e não haverá perda da nitidez. Mas acho legal ver que minha foto também mostra um bom número de detalhes e os objetos estão fieis.



A outra foto é ainda mais interessante e fruto de uma experiência que fiz. Peguei uma imagem do telescópio Hubble, tornei ela preto e branco tirando as cores deixadas pelo telescópio espacial e coloquei no lugar, as cores que consegui com a captação da Atik 314L e meus dois telescópios. Gostei muito de resultado, tanto que coloquei as duas imagens uma do lado da outra para comparação, a primeira com as cores do Hubble e a segunda com as minhas cores. Não vou dizer se achei a minha melhor ou pior, mas a verdade é que gostei de brincadeira. Se você tem boas fotos de objetos já fotografados pelo Hubble, mesmo em cores naturais, também pode fazer a mesma brincadeira e ver qual o resultado. O programa que usei é o Fitswork, que é fácil e intuitivo. É claro que depois ajustei um pouco as cores no Adobe Photoshop, para deixar elas mais vivas.


quinta-feira, 10 de julho de 2014

Menos de duas semanas para o Sétimo EBA!!

Bem, agora que a copa do Mundo está acabando é hora de pensar no EBA. O Sétimo Encontro Brasileiro de Astrofotografia acontece em menos de duas semanas. Eu já até dei uma parada na astrofotografia de céu profundo para descansar até lá. E também não acontecer como no ano passado, quando cheguei um pouco cansado ao evento ( e ainda com torcicolo!). 

As seis noites em que participarei do evento me parecem ridiculamente poucas para o que eu gostaria de registrar, ainda mais neste momento, em que eu começo a fazer registros de mais de cinco horas já com uma certa frequência. Deixo inclusive um registros feitos no último fim de semana, com o refletor de 200mm F4.5 da Orion UK, em que captei mais de 6 horas em frames de 5 minutos de exposição.

NGC 7293
Luminance: 73x5min - halpha 7nm - Atik 314L - Orion UK 200mm F4.5
RGB: 18x3min - Canon T2i - ED 102mm F7

A imagem acima, da Nebulosa da Hélice, ou NGC 7293, tem seus defeitos, mas posso dizer que me deixou bastante satisfeito por vários motivos, entre eles o fato de que consegui cinco minutos de exposição com estrelas perfeitamente redondas com o refletor, mesmo sobre a HEQ-5, e aqui do meu apartamento, uma cobertura no décimo terceiro andar.

Também me chama a atenção na imagem a velocidade do refletor e o brilho que ele consegue com frames de apenas 5 minutos de exposição. O refrator precisaria de pelo menos 10 minutos para conseguir brilho equivalente.  Por causa desse velocidade, o refletor deverá ser o telescópio mais usado no EBA, pois se eu consigo em 6 dias o que preciso de 12 com o refrator, então ele é a escolha certa.

Eu devo continuar meu trabalho com fotografia em Banda Estreita no EBA. Ano passado eu quis aproveitar o período para fotografia de galáxias, algo que tenho feito bem pouco, já que a poluição luminosa interfere muito neste tipo de captura aqui do meu apartamento, e considerei o resultado com a CCD medíocre, muito provavelmente pela falta de prática e talvez um pouco de paciência para exposições mais longas. Mas é claro que vou dar preferência para objetos que não posso capturar aqui do meu apartamento, principalmente os do norte, onde a poluição luminosa é muito forte.

É isso aí! Agora o negócio é esperar . Para variar o céu de Brasília está pregando alguns sustos às vésperas do evento, mas sempre é assim antes do EBA. Já até choveu a menos de uma semana do encontro, mas sempre temos belos céus na Chapada dos Veadeiros. Vamos torcer para este ano não ser diferente!