terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Raios: O prozac do astrofotógrafo brasiliense.



Raios capturados com lente de 50mm, em tempestade próxima a meu apartamento. 2 frames de 10 segundos em ISO 100.

Quinta-feira. Passa da meia-noite. Eu me preparo para dormir. Apago a luz do quarto e me deito. Mas, de repente, percebo um clarão iluminar a cortina do quarto. Sim, deve estar caindo uma tempestade em algum lugar próximo do meu apartamento. Logo, mais um clarão, e depois outro e mais outro. Eu começo a pensar que talvez devesse dar uma olhada no que está acontecendo lá fora. Pronto! Lá vou eu ficar acordado até as três horas da manhã.

Foi uma noite meio atrapalhada. Talvez eu já estivesse com um pouco de sono. Mas a imagem acima mostra que valeu a pena ter levantado da cama, mesmo que no dia seguinte eu tenha sofrido com o sono. Não é a toa que só fui publicar a imagem em meu Facebook dois dias depois. Já que na noite de sexta eu cheguei do trabalho e caí na cama.

Nesta época do ano, a fotografia de raios é o prozac do astrofotógrafo brasiliense mais empolgado. Com o céu sem dar uma chance faz meses, com uma ou outra abertura muito esporádica quando já é hora de dormir, os belos flashes de luz, que iluminam a capital quando as chuvas estão voltando pra valer, são capazes de consolar qualquer um com uma boa vista do horizonte.

No sábado seguinte também voltou a trovejar, só que a tempestade agora estava muito mais distante. Por isso, enquanto a primeira foto deste post foi feita com uma lente de 50mm, a primeira imagem abaixo, feita no sábado, teve o uso de uma lente de 200mm de distância focal. Raios mais distantes também podem ficar mais fracos, exigindo atenção do fotógrafo quanto ao tempo de exposição. Enquanto a primeira foto foi feita com dois frames de 10 segundos, a segunda também foi feita com dois frames, mas de 4 segundos (sim, cada imagem são duas capturas separadas e integradas no Deep Sky Stacker, mesmo software que uso para integrar fotos astronômicas).

Se usasse o mesmo tempo de exposição nas duas imagem, os raios provavelmente teriam ficado muito fracos na segunda composição. Como um raio é um flash que dura alguns centésimos de segundo, quando maior o tempo de exposição de sua foto, mais fraco o raio fica em relação a imagem final. Se o tempo de exposição for muito reduzido, o raio pode ficar forte demais em relação ao resto da paisagem. Sem contar que, com tempos de exposição muito reduzidos, você vai ter que tirar muito mais fotos, gastando muito mais memória de seu cartão, limitando o tempo que vai poder acompanhar a tempestade e reduzindo o tempo de vida de sua câmera DSLR.


Raios capturados com lente de 200mm, em tempestade que ocorreu numa distância muito maior. Repare como as nuvens estão avermelhadas, devido à grande quantidade de atmosfera entre as nuvens e o local da fotografia. Dois frames de 4 segundos em ISO 100.

A mesma tempestade da foto anterior, mais próximo da Torre de TV Digital. Dois frames de 4 segundos em ISO 100.
Às vezes eles vem tão forte que mesmo com dez segundos de exposição o seu brilho estoura a imagem. Frame único de 10 segundos em ISO 100.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

A Super Lua de 14 de Novembro - Nem sempre um evento astronômico é motivo de alegria.

Super Lua de 14 de Novembro. Registrada da varanda de meu apartamento.


Na noite de 14 para 15 de Novembro, tivemos a maior Super Lua dos últimos tempos. Este é um evento que sempre causa grande mobilização na Internet, mas confesso que não acho a Super Lua dos acontecimentos celestes mais interessantes. Trata-se de uma Lua Cheia que ocorre quando nosso satélite está num ponto mais próximo de sua órbita em relação à Terra, que pode ser até dez por cento mais próximo do que quando ela está no ponto mais distante. De fato, acho conjunções planetárias,   eclipses lunares e muitos outros eventos bem mais interessantes. Mas pelo menos é melhor do que a "Lua Azul".

Para um fotógrafo, algo que "tira um pouco o brilho" da Super Lua é o fato de que não é exatamente um evento fotografável. Perceber a diferença entre uma foto da Lua cheia no horizonte durante a Super Lua ou numa Lua Cheia normal não é das tarefas mais fáceis. Na verdade, o barato está mesmo em dizer: fiz a foto durante a Super Lua. Fora isso, configurações de exposição e lentes tiram quaisquer diferença perceptível entre uma Super Lua e uma Lua Cheia normal.

Um tipo de composição interessante é fazer um registro durante uma Lua Cheia normal e depois fazer, com o mesmo equipamento, um registro da Lua cheia durante a Super Lua, colocar as duas imagens lado a lado, com o centro recortado, e apresentar uma comparação entre os eventos.

Aqui em Brasília, a noite da Super Lua foi bem nublada, com um pouco de abertura lá pelas nove da noite. Eu estava gripado, então não pude ficar muito tempo na varanda fazendo registros. O meu preferido é o que você vê acima do post, com a lente de 11-22mm em 18mm. Vemos a já manjada vista de meu apartamento, com a Lua passando atrás das nuvens. 

Algo que me deixa muito triste quando ocorrem eventos como a Super Lua é a quantidade de foto montagens que se espalham pela internet. Há todo tipo de absurdo e recortes tão mal feitos que me deixam constrangido. Mas o pior é ver que estes recortes muitas vezes são mais compartilhados nas redes sociais do que fotos autênticas, feitas por fotógrafos ou astrotógrafos que se deslocam para pontos distantes, com equipamentos caros, até mesmo colocando a própria segurança em risco, para trazer ângulos originais da Super Lua. Vale lembrar que estas fotos autênticas muitas vezes apresentam a Lua não com todos os seus detalhes, mas apenas como uma mancha branca, como ocorre na imagem do alto do post. Isso é devido a imensa diferença de brilho entre a Lua e o resto da paisagem. Enquanto isso, gente que se diz fotógrafo copia e cola uma foto da Lua sobre a sua imagem sem a menor vergonha, para que as pessoas pensem que ele conseguiu captar a Lua em todos os detalhes junto com a paisagem.

É importante dizer que fazer a Lua aparecer em todos os detalhes nas imagens, na maioria das vezes, não se resolve somente com HDR. Quando se aumenta o tempo de exposição para se pegar com mais detalhes a paisagem, a Lua não apenas fica estourada, toda branca, mas também aumenta muito de tamanho, pois o estouro dos pixels tende a se espalhar no sensor da câmera. Na imagem do alto do post, o círculo aparente da Lua era umas quatro vezes menor do que a mancha branca que aparece no registro da câmera.  Para resolver este problema, alguns fotógrafos aumentam o tamanho da Lua na foto, para não ficar uma mancha branca na imagem. A verdade é que isso ocorre na maioria das fotos em que você viu detalhes da Super Lua em composições com paisagens.

Esta comparação mostra dois registros da Lua Cheia com DSLR e lente de 200mm. Com as mesmas configurações, ao se aumentar o tempo de exposição, surgem belas nuvens na imagem, mas aumenta-se também o tamanho aparente da Lua. Não é possível corrigir essa mancha apenas fazendo-se uma composição das imagens. Por isso, Muitos fotógrafos recortam e aumentam o tamanho da primeira imagem da Lua, para tampar completamente a mancha branca do segundo registro.

Resultando quando se aplica o que foi dito na imagem anterior. Acredito que você já deve ter visto coisa parecida na Internet

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Nuvem Estelar M24 e IC1284

M24 e IC 1284: Câmera: Canon T2i modificada Lente: Canon EF F2.8 L USMII @F4 Montagem: Ioptron Skytracker 57x60 segundos ISO 800


Mais uma imagem feita com a lente Canon 200mm F2.8 da Canon. Trata-se M24, também chamado de Nuvem Estelar de Sagitário. Na verdade trata-se de um pedaço da Via Láctea, cujo brilho mais intenso, fez com que Charles Messier a incluísse em seu catálogo de objetos, em 1974. O objeto em si é a nuvem mais clara que vemos do lado esquerdo do objeto. À direita dela vemos uma das formações que acho das mais interessantes na Via Láctea, uma nuvem de poeira que apresenta a forma de um triângulo reto. Algo bastante inusitado.

A pequena nuvem vermelha dentro do triângulo reto é a pálida nebulosa IC1284. Tanto M24 como o triângulo são visíveis a olho nu, em locais bens escuros, e ótimos alvos com binóculos. Já o vermelho de IC1284 é visível somente em fotos. Imagem feita durante o Nono Encontro Brasileiro de Astrofotografia, em julho, em Padre Bernardo.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A espetacular nebulosa do Camarão - Entendendo um pouco das minhas capturas em Hubble Palette

H-alpha 11x10min
SII e OIII 10x5min Bin 2x2 cada.
Câmera: Atik 314L+
Montagem: Sky-Watcher HEQ5
Telescópio: Orion ED 102mm F7

A nebulosa do Camarão (IC4628) é com certeza um dos objetos que mais fotografei. Fácil de encontrar, numa região com grande densidade de estrelas na Constelação do Escorpião e de visual espetacular, seja com lente, telescópio, DSLR ou filtros de banda estreita, esta nebulosa é sempre um objeto que acaba me atraindo.

No último EBA fiz a imagem acima. Ela é uma composição em Hubble Palette produzida com filtros de banda estreita. Ou seja, as cores não são as verdadeiras do objeto, que, como toda nebulosa de emissão, seria majoritariamente vermelho. A composição Hubble Palette, famosa por ser utilizada em muitas imagens do Telescópio Hubble, usa os filtros de banda estreita de Hidrogênio, Enxofre e Oxigênio para produzir uma imagem com grande contraste e profundidade. Há quem goste e quem não goste deste tipo de imagem. Eu me desenvolvi muito nessa técnica por fotografar primariamente de uma área com grande poluição luminosa. Os filtros de banda estreita são de longe os mais capazes de retirar poluição luminosa de capturas astrofotográficas, embora estejam limitados às nebulosas de emissão, como a Nebulosa da Lagoa, da Águia, da Carina e, é claro, do Camarão. Estes filtros devem ser usados com câmeras monocromáticas. Em câmeras coloridas, apresentam um nível de ruído que pode exigir uma captura muito mais longa.

Os dados da captura aparecem logo abaixo da foto, mas para quem não compreende a forma como eu coloco a informação da captura, seguem algumas explicações:

H-alpha 11x10min = Quer dizer que fiz onze frames de dez minutos usando o filtro H-alpha. No caso, usei um filtro H-alpha da Orion de 7nm. Ele também foi usado como luminance. Ou seja, todos os detalhes que você vê da imagem são da captura em H-alpha. Se você converter a imagem acima para uma imagem monocromática, o resultado final será idêntico a captura em H-alpha.

SII e OIII 10x5min Bin 2x2 cada = aqui estou dizendo que para os outros dois filtros, o de Enxofre (SII) e o de Oxigênio (OIII), ambos de 8nm, da marca Baader, capturei dez frames de 5 minutos com cada filtro. Os frames foram mais curtos porque na captura usei o recurso de Binning em 2x2. Nesta configuração, a câmera transforma cada 4 pixels num único, somando a informação de brilho dos quatro pixels. O resultado é uma imagem mais brilhante, permitindo frames mais curtos. O problema é que o binning diminui a resolução dos frames em quatro vezes. Enquanto os frames da captura em H-Alpha têm resolução HD (1360x1024), os frames dos outros dois filtros tem resolução de 680x512. Mas como estes frames servirão apenas para incluir as cores na imagem final, o resultado será pouco afetado por esta menor resolução.

Cada conjunto de frames capturado num filtro específico é empilhado antes de ser compostos na imagem colorida. No Hubble Palette, o H-alpha é o Luminance e também a cor verde. O enxofre é a cor vermelha e o Oxigênio, a cor azul. Veja abaixo o resultado de cada uma das capturas destes filtros antes da composição na imagem colorida.

Captura na Nebulosa do Camarão com filtro Oxigênio 3 com câmera monocromática Atik 314L+. Integração de 10 frames de 5 minutos em Binning 2x2.
Algo interessante sobre imagens capturadas com o filtro de Oxigênio, é que elas praticamente nos mostram o que conseguiremos ver de uma nebulosa se olharmos através da ocular, num céu muito escuro e com um excelente instrumento. A faixa que o filtro de Oxigênio captura está próximo ao verde, cor que percebemos com mais facilidade.

Captura do filtro de Enxofre, também em 10 frames de 5 minutos em Binning 2x2.

Captura do H-alpha em 11 frames de 10 minutos em Binning 1x1. Repare como o H-alpha registra muito mais detalhes, por isso é também o Luminance da imagem do início do post.


Câmera: Atik 314L+ = Quer dizer que para a foto utilizei minha câmera Atik 314L+. Trata-se de uma câmera dedicada a astrofotografia, com sensor monocromático de resolução 1360x1024 com 2/3 polegadas de diagonal. Câmeras monocromáticas são muito apreciadas em astrofotografia, por apresentarem menos ruído e melhor definição de imagem. Além disso, a Atik 314L+ é uma câmera resfriada, o que permite frames mais longos sem que a câmera apresente muitos hotpixels, além de permitir que eu faça os frames imediatamente um após o o outro, sem necessidade de esperar que o sensor esfrie antes de começar os frames seguintes.

Montagem: Sky-Watcher HEQ5 = aqui estou dizendo que estou utilizando uma montagem HEQ5 da Sky-Watcher. Trata-se de uma montagem robusta, capaz de carregar telescópios médios. Esta montagem tem alguns recursos que a tornam ideal para astrofotografia de céu profundo:
  • Ser equatorial: somente um eixo, alinhado com o polo celeste, precisa estar em movimento durante a captura.
  • Ser motorizada: permite fazer registros de longa exposição dos objetos celestes, que movimentam-se rapidamente no telescópio.
  • Possuir entrada para guiagem: Uma porta na montagem permite acoplar um segundo telescópio com câmera, que irá filmar uma estrela, analisando seu movimento, permitindo que o acompanhamento motorizado da montagem faça correções pontuais durante a captura.

Telescópio: Orion ED 102mm F7: O telescópio usado foi um refrator do tipo ED chamado Orion Premium. Este telescópio tem 102mm de abertura (4 polegadas) e quando dizemos que é um telescópio F7, queremos dizer que a distância focal do telescópio é 7 vezes maior do que sua abertura, ou seja, 710mm. Com duas lentes, sendo uma feita com material especial, que corrige a dispersão da Luz, este telescópio é muito melhor do que um Refrator Acromático comum, em que não há uma lente especial para correção da luz; mas é inferior aos apocromáticos com 3 elementos, que custam em média o dobro do preço do Orion Premium.

O equipamento utilizado para a foto acima. Repare na câmera Atik 314L+ (vermelha), conectada à roda de filtros.


sábado, 10 de setembro de 2016

Sh2-86 - Uma pálida nebulosa que lembra o "Monstro do Lago Ness"

Nebulosa SH2-86, em Hubble Palette


Com certeza não é minha melhor imagem, mas esse objeto, localizado perto da estrela Albireo, é bastante pálido. Por isso, é muito pouco registrado, mesmo estando numa altitude muito boa para astrofotógrafos do Hemisfério Sul. Devo ser um dos primeiros a registrá-lo em banda estreita no Brasil, o que já me deixa muito feliz e já é mais do que motivo para publicá-la.

O grande destaque da imagem é o pilar que aparece no centro. A formação lembra claramente o corpo de um Brontossauro. Acho até que a nebulosa merecia esse apelido. Alguns colegas no EBA comentaram que lembrava o famoso monstro do Lago Ness. Lembram daquela foto famosa do monstro?



A imagem foi feita no Nono Encontro Brasileiro de Astrofotografia, em Padre Bernardo, com telescópio refrator ED de 102mm, câmera monocromática e filtros de banda estreita, por isso, como a maioria de minhas imagens de nebulosas feitas com telescópio, as cores não são as verdadeiras do objeto. Foi aplicado a técnica chamada Hubble Palette.

H-alpha 15x10min
SII e OIII 10x5min Bin 2x2 cada.
Câmera: Atik 314L+
Montagem: Sky-Watcher HEQ5
Telescópio: Orion ED 102mm F7

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Altair, Tarazed e a Nebulosa "E"

 
 
Deixo hoje uma composição muito interessante feita durante o Nono encontro de Astrofotografia. A grande estrela azul à direita na imagem é Altair. Trata-se de décima segunda estrela mais brilhante do céu noturno e a mais brilhante da Constelação de Aquila. Destaca-se principalmente no inverno Brasileiro, como uma das primeiras estrelas do Norte Celeste. É uma estrela oito vezes mais brilhante do que o Sol e esta localizada a somente 16 anos luz de distância. Para os padrões astronômicos, é literalmente uma de nossas vizinhas da Via Láctea. Um vizinha das mais novas, po...is tem cerca de um bilhão de anos, quase cinco vezes menos que o Sol.
 
Já Tarazed, a estrela vermelha no centro da imagem, é na verdade uma estrela dupla que, apesar de ser muito mais brilhante do que Altair, está a uma distância quase trinta vezes maior.
As duas nebulosas escuras na parte direita da imagem são os objetos Barnard 142 e Barnard 143. As duas Nebulosas também são chamadas de Nebulosa E. Se você prestar atenção vai ver que elas formam o desenho da letra "E" maiúscula (de trás pra frente).
 
Esta imagem foi capturada com 34 frames de um minuto (bastante curta para os padrões atuais), com Lente de 200mm F2.8 Canon EF USMII em F4, Canon T2i e Montagem Ioptron Skytracker, durante o Nono Encontro Brasileiro de Astrofotografia, em Padre Bernando - Goias.
 
Se estiver vendo num bom monitor, não deixe de ver na resolução máxima: http://www.astrobin.com/full/256095/0/?real&mod

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Nebulosa Eta Carinae - Em Hubble Palette



Acabei de voltar do Nono Encontro Brasileiro de Astrofotografia, que ao contrário do ano passado, teve excelentes noites de céu limpo. Estou bastante feliz com o resultado e tenho muito material para brincar nas próximas semanas.

Deixo aqui uma das primeiras imagens que processei, da Nebulosa Eta Carinae, numa composição de cores falsa, mas belíssima, chamada Hubble Palette.

Considero um de meus melhores registros do encontro, na verdade um dos meus melhores entre todos o que fiz. Esse foi resultado de uma filosofia bastante diferente da do EBA passado. Em vez de tentar usar um telescópio de grande resolução, na busca de resultados superiores, mas que me deu muita dor de cabeça, optei por deixar o refletor de 200mm em casa e colocar sobre a montagem HEQ5 um refrator de 100mm, muito mais leve e agradável de trabalhar.

Outro pensamento que deu muito resultado, foi que, em vez de tentar fazer composições RGB, partindo do princípio de que deveria aproveitar o céu sem poluição luminosa, optei para me concentrar durante o EBA naquilo que sei fazer muito bem, que são composições em Hubble Palette.

Deixo também um registro do cometa Pansstars 2013 X1, que acompanhou todo o evento. Este foi feito com lente de 200mm e DSLR Canon T3i. Reparem como o cometa estava passando próximo a nebulosa NGC 6188.


domingo, 19 de junho de 2016

Testando uma ASI174mm-cool


Mas como seria bom se eu pudesse testar uma dessas câmeras, não seria? O legal é que eu testei. Semana passada um amigo me emprestou uma ASI174, a câmera com o segundo maior sensor da nova série da ZWO, menor somente que o da recém-lançada ASI1600. O modelo testado foi uma ASI174mm-cool, ou seja, a versão monocromática e resfriada.

A ASI174 tem um considerável sensor de 1/1.2 polegadas, mas tem pixels grandes, de 5.86um, o que não lhe dá uma resolução das maiores, são 2.3 megapixels. É uma câmera com sensor e resolução um pouco maior do que minha CCD ATIK 314L+, que tem sensor de 1/1.5 polegadas e resolução de 1,3 megapixels. Os pixels da ASI174, entretanto, são um pouco menores. Os da Atik 314 tem 6.45um.

Como você viu no post anterior, segundo o site da Sony, o sensor IMX174 da ASI174 tem praticamente o mesmo nível de ruído do sensor da Atik 314L, mas é um pouco menos sensível do que o da CCD. Entretanto, por ser uma CMOS, a ASI174mm permite aumento do ganho, o que, apesar do ruído a mais, pode deixar a câmera da ZWO mais sensível do que a da ATIK, tendo que compensar, é claro, com mais frames.

Para fotografar céu profundo com estas novas câmeras da ZWO, o ideal é usar um software especializado em céu profundo, como o MaximDL ou o Nebulosity. Como não tinha nenhum dos dois, adquiri o Nebulosity 4, que reconhece estas novas câmeras automaticamente (depois da instalação dos drivers, é claro). Eu devo passar a usar este software também com a Atik 314L, embora tenha visto algumas desvantagens em relação ao Artemis, software proprietário da Atik. Mas talvez seja falta de conhecimento meu em relação ao Nebulosity.

Devido à poluição luminosa da região onde moro, uma das mais densamente povoadas de Brasília, resolvi fazer uma captura em banda estreita. O objeto escolhido foi a Nebulosa da Lagoa, uma das nebulosas mais brilhantes desta época do ano. O telescópio usado foi o refrator ED de 102mm, que me acompanha desde o começo da Astrofotografia. Optei por ele e não o Refletor de 200mm por ser mais fácil de usar (Estou decidido a parar de usar o refletor de 200mm sobre a HEQ5 para céu profundo, devido à enorme dor de cabeça que é usar este telescópio grande sobre uma montagem mais frágil para este tipo de fotografia). O ED também tem uma razão focal maior, F7, e achei que seria interessante testar a ASI174 nesta condição de menor absorção de luz.




Frame único de três minutos da nebulosa da Lagoa, com o ganho da ASI174mm-cool em 100 (vai até 400) e o sensor resfriado a -10 graus.

O primeiro light frame da Nebulosa da Lagoa, capturando o H-alpha com 3 minutos de exposição, me impressionou pelos detalhes da nebulosa, mas percebi dois problemas. Primeiro, um forte clareamento da borda inferior direita da imagem. A câmera não tem culpa alguma por esse defeito no lightframe. Ele ocorreu por vazamento de luz na minha roda do filtros manual, que é aberta no dispositivo que permite a troca dos filtros. Apesar de ser feio na foto, este não é um problema de difícil solução. Basta fazer darkframes, que esse vazamento de luz vai aparecer nos darks e portanto será subtraído totalmente da imagem final. É importante, é claro, que sejam feitos sobre as mesmas condições de iluminação. Ou seja, eu não posso acender a luz durante os darks.

Dark frame da ASI174. Vazamento de luz na minha roda de filtros deixou um clarão no canto inferior direito.


Já o outro problema percebido não foi culpa da roda de filtros. São linhas horizontais que percorrem toda a imagem. Eu nunca tinha visto isso e tive que consultar os universitários num grupo de astrofotógrafos no Whatsapp. Lá fiquei sabendo que é algo comum em sensores do tipo CMOS, pela forma como eles carregam as imagens. A melhor solução seria fazer muitos bias, fotos feitas com o telescópio tampado e o mínimo tempo de exposição do sensor. Eu fiz 100.

Bias mostram linhas horizontais, características de muitos sensores CMOS, devido a forma como carregam os frames


Com 20 light frames do filtro H-alpha, e 7 das outras duas cores do Hubble Palette (OIII e SII), integrei a imagem no Deep Sky Stacker, com mais 10 dark frames e os bias. O resultado, após composição no Fitswork, wavelets no Registax e balanço de cores no Adobe PhotoShop, você vê na imagem abaixo. Só uma pequena observação: eu devia parar de usar os Wavelets do Registax, pela forma como eles deixam as estrelas gordas, mas ainda sou seduzido pelo modo como realçam os detalhes, aumentando a nitidez.



Repare como os dark frames fizeram desaparecer completamente o clareamento do canto inferior direito e os bias ajudaram a quase eliminar as linhas horizontais, que ainda podem ser vistos quando se examina a imagem com mais atenção.

O resultado final foi considerado bastante satisfatório. Acredito que ficou um pouco abaixo do que a Atik 314L+ é capaz. Eu fiz uma imagem com a CCD com o mesmo telescópio dois anos atrás que claramente apresenta detalhes superiores. Conta a favor da imagem da CCD que os frames foram mais longos, com 5 minutos, mas a guiagem estava bem pior e as cores não foram do telescópio e sim de uma imagem com lente de 135mm. Clique aqui para ver a imagem.

É importante dizer que a ASI174 está deixando de ser fabricada. Ela está sendo substituída pela ASI1600, que tem um sensor maior, menos ruído e parece ter menos problemas com as linhas horizontais. Talvez eu consiga testar uma ASI1600 no EBA, que acontece em duas semanas.

A minha impressão sobre estas novas câmeras astronômicas com sensor CMOS é a seguinte: para quem tem um bom CCD, como um com o sensor KAF8300, a troca por estas câmeras não irá acrescentar nada, mas para quem gostaria de dar um passo à frente em relação às DSLRs, é uma excelente opção. Eu não tenho intenção de trocar minha Atik 314L+ por uma dessas câmeras. Mas se minha Atik, por algum motivo, estragar, é muito provável que eu adquira uma ASI1600, pelo baixo custo.


Eu também usei a câmera com o telescópio refletor de 200mm, mas neste caso limitei-me a imagens lunares e planetárias. Deixo abaixo algumas imagens feitas da Lua e uma de Marte com a ASI174mm.

Região em volta da cratera Platão, o que mais gostei desta foto foi a parte da borda, no alto da imagem.



Cratera Copernicus e as consequências de seu impacto, em volta.
No alto da imagem, com uma bela montanha no centro, a Cratera Pitágoras.
Marte, já começando a se afastar da Terra.

A ASI174mm, fotografando a Lua e Marte no Refletor de 200mm, com o Extensor 5x e roda de filtros manual.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Este fim de semana temos oposição de Marte!

Marte: na imagem da esquerda vemos o registro do Telescópio Espacial Hubble. À direita o humilde registro que fiz do meu apartamento, que curiosamente estava praticamente na mesma posição em termos de rotação do planeta, mesmo feito quatro dias antes.


Está chegando um dos eventos mais esperados do ano: a oposição do planeta Marte, que vai estar na menor distância da Terra nos últimos dez anos. A oposição de Marte é um evento que ocorre a cada aproximadamente 2 anos, mas elas não são sempre iguais, muito pelo contrário, a cada evento a distância mínima pode variar muito. A proximidade atinge um pico a cada 13 anos, diminuindo e depois aumentando novamente gradativamente. O evento deste mês precede o próximo pico, em 2018.

Neste fim de semana, milhares de telescópios de astrônomos amadores do mundo inteiro estarão apontados para Marte, muitos, como eu, munidos de câmeras fotográficas. Diga-se de passagem, a área de câmeras planetárias é uma das que mais evoluiu nos últimos anos e tenho certeza de que teremos imagens de tirar o fôlego nas próximas semanas, principalmente de astrofotógrafos como Damian Peach, Christopher Go e aqui do Avani, Conrado, Fábio Plocos, entre outros.

Com meu refletor de 200mm e câmera Expanse monocromática, tenho feito algumas capturas humildes comparados com a galera acima, mas fiquei surpreso com uma foto feita pelo Hubble recentemente. Não porque ache que há semelhança na qualidade delas. O Hubble está anos luz do que posso fazer com meu equipamento. Algo justo, tendo em vista que custou cerca um milhão de vezes mais caro do que o meu setup. Mas o legal é ver que a face do planeta, no registro do Hubble, estava muito parecida com a da imagem que fiz, quatro dias antes. O planeta está tão parecido das duas imagens que se eu não tivesse publicado a minha quatro dias antes, corria o risco de saírem dizendo por aí que o meu registro era falso, que apenas peguei a imagem do Hubble, tirei ela de foco com filtro blur, rotacionei, mexi nas cores e coloquei meu nome.

É uma comparação interessante para mostrar o que conseguimos capturar com um equipamento razoavelmente acessível (cerca de dez mil reais) em comparação com o melhor telescópio do mundo, que custou 2,5 bilhões de dólares. Eu acho divertidíssimo procurar na minha imagem detalhes que aparecem no registro do Hubble. Embora sempre seja apaixonante ver uma imagem como a do fim do post.



A imagem originalmente postada no dia 8 de maio. Apenas girei para ficar na mesma orientação da do Hubble e mostrar como estão parecidas. Também corrigi as bordas..

A imagem do Hubble, num tamanho mais justo com a real capacidade do telescópio espacial.

A imagem do Telescópio Espacial Hubble do dia 12 de maio. Clicando nela, fica ainda maior.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Fotografando com DSLR sob a poluição luminosa

Quatro anos atrás, mudei para o Águas Claras, bairro (ou cidade satélite, como chamam por aqui) densamente povoado de Brasília, marcado pela presença de centenas de arranha-céus. Parecia que no novo apartamento eu estaria limitado à fotografia de planetas, do Sol e da Lua. Mas a aquisição de filtros de banda estreita e uma CCD monocromática logo mostraram que inúmeros objetos de céu profundo, em especial as Nebulosas de Emissão, estariam a meu alcance. Tanto que acabei vendendo meu telescópio solar com filtro H-alpha, devido à falta de tempo para este tipo de astrofotografia.
 
Mas o que acontece quando trocamos os filtros de banda estreita por um Orion SkyGlow, comprado quase vinte anos atrás, nos primórdios da minha vida de astrônomo amador, e a CCD por uma DSLR modificada para astronomia? Bem, obviamente não podemos esperar os mesmos resultados espetaculares que se conseguiria com este equipamento no céu de uma fazenda em Alto Paraíso, ainda assim, as brincadeiras dos últimos fins de semana, quando o céu abriu em Brasília, mostram que é possível fazer mais do que geralmente se espera.

Eu quis fotografar com DSLR, principalmente devido ao belo triângulo que podemos ver na constelação de Escorpião, com Marte, já bem brilhante, bastante próximo de Saturno e da Estrela Antares. Como meu objetivo era somente pegar estes três objetos mais brilhantes, coloquei a lente de 50mm na DSLR sobre o Ioptron Skytracker, para uma imagem de grande campo. Fiz frames com 60 segundos de exposição e ISO800, com a lente fechada em F4. O resultado você vê abaixo, com Marte destacado no centro da imagem, Saturno à direita e Antares no alto. Nestes light frames, nenhum detalhe mais evidente da Via Láctea aparece na composição.

Os frames individuais dão a impressão de que só as estrelas mais brilhantes aparecerão na imagem final.


Ainda assim, continuei fotografando. Fiz 81 frames da mesma imagem, mais duas dezenas de dark frames e joguei no Deep Sky Stacker. O resultado, pra mim, foi uma grande surpresa. Abaixo vemos a imagem após ser integrada no DSS e receber os ajustes no próprio software, na tela pós-processamento. A imagem foi girada 180 graus, para um enquadramento mais convencional. 


Após integração de 81 frames no Deep Sky Stacker, a região de Rho-Ophiuchi torna-se visível.

Nesta nova imagem, já podemos ver enorme evolução em relação a somente um frame. Percebemos como o empilhamento nos permite ver detalhes da região de Rho-ophiuchi. A foto mostra o poder da técnica de integração e o benefício que os desenvolvedores destes softwares promovem à astrofotografia. Para finalizar, fiz alguns ajustes na imagem no Fitswork e no Adobe PhotoShop. O resultado, você vê na próxima imagem:

Ajustes de cores e contraste tornam a imagem mais viva.

O resultado final, mesmo que muito abaixo do que eu conseguiria num céu escuro, me surpreendeu pelas condições de captura e pelo próprio light frame inicial.

É importante mencionar que eu não fiz flatframes. Tenho usado este recurso mais quando estou fotografando com CCDs, pois manchas no sensor quase não aparecem na DSLR e acho que a vinhetagem e o gradiente tem sido muito bem removida pelos comandos "normalizar nebulosas automaticamente" e "remover gradiente automaticamente", do software Fitswork, na barra de títulos, em "Ajustes - Harmonização". Esses comandos apresentam excelentes resultados, bastando um clique na opção.

Numa outra noite, também aproveitei para fazer a primeira imagem de céu profundo com a lente Canon 200mm F2.8 EF USMII, adquirida recentemente. Originalmente, a ideia era estrear a lente somente nos primeiros encontros do CASB, em fazendas próximas a Brasília, mas eu simplesmente não aguentei esperar. Apontei para a área mais óbvia do céu nesta época do ano, com a Nebulosa da Lagoa (M8) e da Trífida (M20) e fiz 65 frames de 30 segundos em ISO 1600, com esta lente também em F4. Foram pouco mais de meia hora de tempo total de exposição, mas um resultado que me deixou muito feliz e cheio de expectativas para os encontros do CASB, a partir de junho.

Imagem feita com lente de Canon 200mm EF USM 2.8




sexta-feira, 15 de abril de 2016

Está aberta a temporada de caça aos planetas!

Quem me acompanha desde o início deste blog sabe que planetas nunca foram lá a minha especialidade. Durante muitos anos, as minhas fotos planetárias foram, digamos, primárias. Mas desde o ano retrasado eu tenho finalmente um refletor de 200mm e uma câmera de vídeo planetária. Logo, talvez estivesse passando da hora de trazer umas boas imagens planetárias para esta página.
Estamos num momento especial para astrofotografia planetária. Neste momento, os três melhores planetas para fotografia estão visíveis no céu, durante grande parte da noite. Entre eles, destaque para Marte, que, próximo do oposição, está ficando visivelmente maior a cada dia.

Todas as imagens abaixo foram capturadas na mesma noite, da varanda de meu apartamento, em Brasília, com um telescópio refletor newtoniano Orion UK VX 8 F4.5, câmera Expanse mono, extensor focal 5x e filtros RGB, sobre uma montagem HEQ5.


Júpiter - sem a Grande Mancha Vermelha ou algum Lua Galileana aparecendo, o planeta perde um pouco de seu charme, ainda assim é uma visão espetacular.

A noite começa com Júpiter, que já está um pouco alto no céu quando acaba de escurecer. Pelo menos do meu apartamento, está geralmente fotografável no momento de melhor seeing. Como meu apartamento é apontado para o leste, depois da meia-noite fica muito difícil fazer um bom registro do gigante gasoso. Então preciso montar o equipamento cedo.



Marte - de longe o meu melhor registro do planeta vermelho. Infelizmente o seeing ruim fez com que o melhor resultado fosse atingido pela integração de somente 10% dos doze mil frames capturados.
 Marte aparece algumas horas depois de Júpiter. Está fotografável perto de uma da manhã. O Planeta Vermelho próximo da brilhante e também vermelha estrela Antares. Atualmente, está com cerca de 13 segundos de arco de diâmetro aparente. Deve aumentar para 18 segundos no fim de maio, seu tamanho máximo nesta oposição. Será bem menos do que os espetaculares 24 segundos da próxima oposição, em 2018, mas já é bem melhor do que os 15 segundos de 2016. Para efeito de comparação, o diâmetro aparente de Júpiter varia de 30 a 50 segundos de arco.

Saturno, fotografado com câmera monocromática. Acho que errei nas cores e, infelizmente, o seeing também estava ruim na hora da captura.
Saturno aparece quase junto com Marte, poucos graus abaixo do planeta vermelho. Essa proximidade faz que, caso exista limitações de sua visão para o céu, como ocorre em meu apartamento, você tenha que dividir o tempo de captura entre os dois planetas.
A fotografia planetária tem sido uma experiência das mais interessantes para mim. Ela tem algumas dificuldades em relação a céu profundo. É muito mais difícil apontar para um objeto quando a distância focal usada é de mais de quatro metros e o sensor da câmera ainda é muito menor. Também acho mais difícil para focalizar. Por outro lado, a montagem não precisa estar perfeitamente alinhada com o polo, não há necessidade de autoguiagem e você está sempre fazendo alguma coisa, nem que apenas corrigindo para o planeta não sair do limitado campo de visão da câmera planetária, que deve ser reduzido ao máximo para garantir mais frames por segundo.
Eu estou louco para novas imagens de céu profundo, mas com esse desfile de planetas no céu, não dá pra ignorar que esta é uma época especial para estes objetos.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Quais são os limites do processamento na Astrofotografia?

Eis aqui um tema polêmico, sobre o qual há muito tempo eu gostaria de ter escrito. Quais são os limites no processamento de uma imagem astrofotográfica? O que é fraude, exagero ou puramente mal gosto? Qual a fronteira entre o simples ajuste e o desenho?

Trata-se provavelmente do tema mais delicado da Astrofotografia. Com as palavras erradas, corro o risco de ofender astrofotógrafos honestos e que muito contribuem com o disseminação da astrofotografia amadora no Brasil. Em post anteriores, já mencionei atitudes que são "consagradas" como sendo fraudes: juntar sua imagem com de outros astrofotógrafos sem o devido crédito, ou usar de montagem para capturas que não ocorreram, citando o caso da malfadada foto do trânsito da ISS sobre Saturno. Esta "captura", pra quem não leu o post, foi Foto do Dia no site da Nasa, APOD, sendo retirada dias depois, após muito barulho da comunidade astrofotográfica. Mas outras atitudes ainda carregam bastante polêmica, com alguns astrofotógrafos dizendo que são aceitáveis, enquanto outros acham que não são corretas.

Eu vou discorrer neste post sobre técnicas que levantam discussões e o que eu acho de cada uma delas. Que fique claro, trata-se de uma visão puramente pessoal, algumas vezes justificada somente por questão de gosto. Sinta-se livre para questionar minhas opiniões, pois elas estão abertas a mudanças.
- Uso de máscaras de seleção: Selecionar áreas separadas de registros é algo que desagrada astrofotógrafos mais puritanos. Eu, sinceramente acho que não há nada errado em se fazer isso se você não altera as características dos objetos. Acredito que grande parte das melhores astrofotografias foram processadas utilizando-se máscaras de seleção. Em muitos lugares do céu, temos objetos bastante brilhantes envoltos por áreas ou objetos muito mais escuros. As câmeras atuais, embora consigam tempos de exposição que permitem imagens muito mais claras que a visão humana, ainda perdem muito quando falamos de range dinâmico. Objetos mais claros tendem a ficar muito mais brilhantes em relação a objetos mais escuros em fotografias do que ao olho humano. Então, não vejo nada de errado ao se utilizar máscaras para clarear áreas mais escuras das fotos. Você está basicamente fazendo uma correção no range dinâmico de sua câmera.
A coisa muda de figura quando você altera características básicas de objetos: Este é um erro que acontece principalmente quando se usa máscaras de seleção sem o devido critério. Você seleciona duas galáxias e no fim deixa a mais brilhante mais escura do que a menos brilhante, distorcendo totalmente as características dos objetos. Um erro que tenho visto astrofotógrafos cometerem é distorcer nebulosas escuras, que são cinzas, transformando-as em nebulosas de emissão, pintando as nebulosas de vermelho para destacar melhor na foto. Isso revela, além de desconhecimento sobre o objeto fotografado, uma vontade exagerada de gerar contraste ou beleza na imagem. Evite máscaras de seleção para alterar cores dos objetos em separado na imagem. Além de ultrapassar o limite entre tratamento e puro desenho, você corre o risco de descaracterizar objetos.

- Composição de imagens: composições geralmente são usadas nos registros de acontecimentos celestes, como conjunções, trânsitos ou ocultações e também fotos de objetos celestes ao fundo de paisagens terrestres. Quando você tem dois objetos com brilho muito diferente um do outro, é normal que o astrofotógrafo faça duas imagens com tempos de exposição diferentes para combinar numa única foto. Essa técnica é consagrada e inclusive tem o nome de HDR (High Dynamic Range). Através desta combinação, você pode criar imagens que aparentemente possuem um range dinâmico muito maior do que a câmera utilizada na captura, com resultados superiores ao que se consegue com o uso de máscaras de seleção. Entretanto, ao fazer imagens em HDR, tome muito cuidado para não forçar tanto até deixar o objeto menos brilhante mais claro do que o objeto escuro.
O problema ocorre quando, devido a certos astros movimentarem-se muito rápido, ou a movimentação da abóboda celeste em relação a uma paisagem terrestre, astrofotógrafos podem querer selecionar um dos objetos na foto mais clara e colocar manualmente na mesma posição em que está na foto mais escura. Isso me desagrada bastante e acho que não dá pra chamar de fraude, mas podemos dizer que é mais um caso em que astrofotógrafo ultrapassou a fronteira entre foto e desenho. Não são poucos os astrofotógrafos que consideram isso puramente adulteração, então evite sempre que puder. Já se o autor da imagem resolver, através das ferramenta "seleção" e "mover", fazer com que os objetos parecem mais próximos do que realmente estavam em qualquer um dos registros originais, vai ser difícil encontrar alguém disposto a defende-lo. Pior ainda se em nenhum momento do evento os objetos ficaram tão próximos como na imagem.
É importante ressaltar que em quase toda astrofoto, seja de céu profundo ou planetária, realiza-se a composição de vários frames para a criação de uma imagem final. No caso da astrofotografia de céu profundo, muitas capturas podem ter seus frames capturados por dias ou mesmo anos de diferença. Isso é possível por que a maioria destes objetos não apresenta quaisquer mudanças com o passar de meses ou mesmo anos. Este processo chama-se integração de frames e trata-se de algo mais do que aceitável e é praticado por 99% dos astrofotógrafos. Aqui você está coletando dados, sem fazer alterações nos registros antes de integrá-los num software com está função, como o Deep SkyStacker ou Pixinsight. .
- Colocar coisas que não existem nas imagens: enfeitar a sua foto com algo que não estava nela, começa com o mal gosto, com o uso de spikes artificiais em fotos que não tinham estes artefatos naturalmente, e termina na fraude, como você colocar uma avião na frente de uma foto do Sol, sendo que foram capturados em registros diferentes. O Apod do falso trânsito da ISS sobre Saturno está nesta categoria.

Quanto ao Spikes, eles são uma interferência nas astrofotos, frutos de um obstáculo a chegada da luz no espelho primário, devido ao suporte do espelho secundário em refletores. Alguns astrofotógrafos usam softwares que criam spikes artificialmente nas estrelas mais brilhantes das imagens. Eu acho que isso mata qualquer imagem. Alguns astrofotógrafos colocam barbantes ou outros tipos de cordões à frente do telescópio para criar spikes mais "naturalmente". Para mim, não importa como o spike seja produzido, não vejo razão em poluir a seu registro com esse tipo de artefato. É algo que tira grande parte do valor da imagem, deixando ela com aspecto de cartão de Natal. O universo é belo demais e um grande astrofotógrafo não precisa introduzir enfeites em sua imagem para agradar ao público.

Acho que não preciso dizer que o uso de recursos como a ferramenta "pincel" deve ser sempre evitado. Se você esta fazendo ajustes em sua imagem com qualquer ferramenta de desenho, pare agora. O que você esta fazendo invalida a sua astrofoto e, se omitido e depois descoberto, vai destruir o crédito de suas imagens. Infelizmente, não é fácil descobrir quando isso é feito. Existem astrofotógrafos respeitados dentro da comunidade astrofotográfica que, por mais que sejam reconhecidos, também carregam uma "aura" de usarem recursos de desenho em suas fotos. É muito complicado julgar este tipo de coisa enquanto não houver provas concretas. Eu mesmo acredito que em algum momento já suspeitaram das minhas fotos, embora considere um enorme elogio quando alguém questiona a autenticidade de meu trabalho, dizendo que as minhas fotos não são possíveis. 
- Uso de dados de outros astrofotógrafos em suas imagens: Não é raro que astrofotógrafos juntem suas imagens com de outros astrofotógrafos para criar uma imagem ainda melhor. Sou da teoria de que esta técnica é válida somente se o resultado final é uma foto superior às duas imagens utilizadas na composição. Na imagem abaixo eu utilizei uma captura em preto e branco da faixa de H-Alpha do astrofotógrafo Rogério Marcon, com a devida autorização do astrofotógrafo, diga-se de passagem. Ele tinha um espetacular luminance capturado com um telescópio de 18 polegadas e eu tinha uma humilde captura em banda estreita (Hubble Palette), feita com uma lente de 135mm. Joguei as cores do meu registro na imagem do Rogério e o resultado foi algo que nenhuma das imagens originais mostrava, a nebulosa com detalhes e cores que destacam as regiões com mais oxigênio (em azul) ou hidrogênio (em laranja).
Imagem capturada por Rogério Marcon, que recebeu cores de um registro feito por mim.
 Por fim, acredito que nenhuma astrofoto é desonesta se você colocou todas as informações sobre a captura no registro. Se você usou dados de um outro astrofotógrafo para fazer uma imagem, informe na descrição todos os dados da fonte que usou, incluindo nome do autor, equipamento e detalhes da captura. Se usou duas fotos diferentes para o registro de uma conjunção, informe caso a imagem tenha sido manipulada para simular o acontecimento real. Se pintou nebulosas de cores diferentes, explique que o fez com o objetivo de realçar aquele objeto. O ideal é que estas informações estejam presentes no arquivo da imagem e não somente na descrição do post, pois quando são partilhadas em outros sites ou perfis, essa informação pode se perder.

Existem registros que são simplesmente considerados "overprocced". São fotos que foram tratadas sem qualquer tipo de forçação de barra, mas que de tantos filtros e ajustes de contraste podem acabar com o aspecto de pintura a óleo. Ou seja, você não desenhou na foto, mas deixou ela com cara de desenho. Estas fotos, em especial as mais coloridas, podem até se tornar muito populares, principalmente entre o público leigo. Mas podem desagradar olhos mais experientes. Todo astrofotógrafo tem que entender que, em alguma hora é melhor parar. Em algum momento, a aplicação de filtros e ajustes começa a piorar a imagem. Saber onde está este ponto não é fácil.

Um tipo de filtro digital que mais tem a capacidade de deixar fotos com cara de pintura são os de redução de ruído, quando aplicados em excesso. O astrofotógrafo manda ver no contraste e na saturação (realce de cores), mas assusta-se com o ruído que isso gera em sua imagem. Para compensar, despeja filtros de redução de ruído. Eu prefiro muito mais imagem ruidosa com cara de foto do que uma imagem sem ruído, mas com cara de que foi feita pintada pelo Renoir.

O processo de aprendizado no tratamento de uma astrofoto é longo. Não é raro um astrofotógrafo pegar os frames de uma captura de um ou dois anos atrás e conseguir um resultado muito superior ao que conseguiu na época da captura, mostrando técnicas de processamento muito mais eficientes e adequadas. Autores com registros psicodélicos podem mudar para um estilo mais sóbrio ao perceberem que estavam passando do ponto na hora de tratar a imagem. Neste caminho, todos cometemos enganos. O importante é entendermos que sempre podemos melhorar nosso trabalho com dedicação, melhores equipamentos e aprendizado constante, mas nunca devemos cair na tentação de fazer nossa imagem parecer melhor tendo que enganar as pessoas.



segunda-feira, 28 de março de 2016

Canon 200mm f/2.8 l ii usm: Finalmente a lente dos meus sonhos!





Finalmente adquiri a sonhada Canon 200mm EF F2.8L II USM, considerada por unanimidade uma das melhores lentes para astrofotografia. Os 200mm de distância focal fazem desta lente fotográfica praticamente um pequeno telescópio, permitindo imagens em grande campo que podem muito bem ser confundidas com as melhores imagens feitas por pequenos telescópios apocromáticos.

Pesando pouco mais de 700 gramas, a Canon 200mm EF F2.8L II USM está no tamanho certo para ser usada com o meu Ioptron Skytracker e conseguir tempos de exposição entre um e dois minutos. É o suficiente para, com as devidas configurações, fotografar praticamente tudo no céu. Acabo também tendo um setup super portátil, que me permite levar um bom equipamento astrofotográfico até em viagens de avião, ótimo para sair por aí em busca de um bom lugar para fotografar um cometa ou, quem sabe, um eclipse solar.
 
Antes de adquirir a 200mm F2.8 EF, eu tive uma Takumar 135mm (bom custo benefício), uma 135mm F2.0 EF da Canon ( até mais cara que a 200mm F2.8  EF), uma Nikon 135mm F2.8 (Um grande erro) e por fim, uma 200mm F2.8 FD da Canon, que embora tenha um desempenho muito bom, principalmente em astrofotografia com banda estreita em CCDs, deixa  a desejar quando comparada com o modelo novo ao ser usada na DSLR. Por sinal, parece que muitas pessoas acreditavam que a minha 200mm FD era na verdade EF, o que certamente deveria me diminuir um pouco como astrofotógrafo, pois na vendade estava registrando com um equipamento inferior ao que pensavam. A 200mm FD é muito boa, mas apresenta razoável cromatismo da abertura F4, o que prejudicava minhas capturas. A 200mm EF é quase perfeita em F4. Bem, na verdade 99% das pessoas diriam que ela é perfeita nesta abertura, mas com a prática astrofotográfica, a gente vai ficando cada vez mais chato, e definir algo como perfeito fica bem mais difícil após cinco anos neste hobby.

O fato de eu não ter comprado esta lente há pelo menos três anos é sem dúvida uma das maiores bobagens que fiz em termos de equipamentos para astrofotografia. E agora estou pagando o preço do meu erro, pois com um Obama valendo quase quatro Dilmas, não consegui esta lente por menos de 4 mil reais.

Acredito que o tipo de erro que cometi antes de adquirir a 200mm EF é muito comum entre astrofotógrafos: adquirir um equipamento inferior por que está mais barato ou mais a mão do que o equipamento ideal. Quando eu comprei a 135mm F2.0, por exemplo, eu tinha o dinheiro para a 200mm F2.8. Fui numa feira dos importados em São Paulo (uma cheia de asiáticos, na Av. Paulista) para comprar a 200mm, mas não encontrei. Como havia uma 135mm a mão, optei por essa lente, que é fantástica, mas sempre fiquei com vontade de ter uma 200mm e registrar os objetos de céu profundo um pouco mais de perto. Por fim, vendi a 135mm para comprar a 200mm EF. O problema foi que no meio do caminho achei uma 200mm FD, modificada para o uso com as novas câmeras digitais (O corpo da lente foi reduzido, para dar foco no infinito em sensores digitais). Com um preço tentador - menos da metade da EF nova - e a possibilidade de controlar o diafragma manualmente, o que ajuda muito na fotografia com CCDs, acabei mais uma vez deixando a 200mm EF para depois e peguei a FD. No fim, o forte cromatismo da 200mm FD, mesmo quando mais fechada, me fez continuar desejando a 200mm EF. Ano passado um amigo chegou a me oferecer a EF por cerca de dois mil reais, mas na época eu estava com pouca grana e passei a oferta. Foi algo que depois me deixou muito triste, mas infelizmente na época esses dois mil iriam me fazer muita falta.

Aprendi com essa história que quando você opta por quebra-galhos você termina sempre querendo adquirir o equipamento certo e apenas prolonga o caminho para o equipamento ideal. Isso não acontece só comigo. Todo tendo surgem colegas no Facebook mostrando um telescópio ou lente disponível para compra no Brasil, pedindo minha opinião, quase sempre na esperança de que eu as encoragem numa compra em que elas não se sentem totalmente seguras. A maioria das pessoas tem consciência de que o equipamento que estão me mostrando não é o ideal e geralmente sabem qual é o equipamento certo. O problema é que o equipamento correto só está disponível no exterior ou está bem mais caro e eles acham que este equipamento mais a mão irá resolver a questão.

Eu geralmente não recomendo a compra de um equipamento inferior, mas percebo que as pessoas ficam tristes devido a dificuldade de adquirir o equipamento correto. O único conselho que posso dar a estas pessoas é: tenha muita paciência, uma hora a chance vai aparecer. Bons equipamentos astrofotográficos usados aparecem frequentemente em fóruns de astronomia, ou mesmo em sites de leilões. Os sites brasileiros também demoram para renovar seus estoques, mas volta e meia bons produtos estão disponíveis. Além disso, sempre pode aparecer uma chance de ir para o exterior, seja para você ou para algum amigo. O importante é: sempre pense muito antes de trocar o certo que está mais difícil pelo duvidoso que está mais fácil. O duvidoso pode ser bom, mas em astrofotografia, a gente logo aprende que somente o ótimo irá nos satisfazer plenamente.

Galáxia de Andrômeda, registrada com a lente de 200mm EF 2.8 e Canon 450D. Foto do usuário Bilgebay, no Astrobin.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Falando sobre fraudes Astronômicas no "Astronomia ao Vivo"

No último domingo eu estive no "Astronomia ao Vivo", um excelente programa on-line em que alguns dos melhores astrônomos amadores se encontram para falar sobre ciência e espaço. Algumas vezes eu sou convidado, geralmente quando o foco é Astrofotografia, já que não me sinto suficientemente seguro para discutir temas mais científicos. Dessa vez foi para falar um pouco sobre fraudes na astrofotografia. O programa contou com a participação do Carlos Fairbairn, que já foi matéria neste blog e do Cristovão Jacques, um dos maiores astrônomos brasileiros, conhecido no meio por ter descoberto cometas de bastante destaque.

No vídeo eu falo um pouco sobre os APODs fake publicados recentemente, sobre a competitividade da astrofotografia e lembro alguns casos que movimentaram a comunidade astrofotográfica brasileira, ano passado.

Impossível para mim não destacar as palavras do Cristovão Jacques, aos 43m50s. Eu achava que ele, que para mim é praticamente um ídolo, nem sabia que eu existia, quando sou surpreendido por algumas das palavras mais marcantes que já me foram ditas no meio.


domingo, 13 de março de 2016

E a quantas anda o livro?

Conceito de uma provável capa do livro que estou escrevendo
Admito que esse blog anda um pouco parado. Esta época do ano é complicada em Brasília, com muita chuvas praticamente todos os dias. Quando eu acho que vi a maior chuva do ano, no dia seguinte aparece uma mais forte ainda. Mas a boa notícia é que na verdade o principal motivo de não estar atualizando muito o Blog é que estou totalmente concentrado no livro de Astrofotografia. Melhor ainda, o livro está em fase de revisão. Todo o conteúdo já foi escrito, mas é necessário um longo e trabalhoso processo para entregar aos leitores um conteúdo com o mínimo de erros e com o melhor texto possível.

No fim do mês passado, eu planejava entregar o livro para dois competentes  astrofotógrafos revisarem. Mas ao ler um cópia impressa vi que muita coisa precisava de correções, algumas pequenas, outras grandes. Para que estes colegas possam analisar o livro de forma apropriada, ele deve ter somente erros que eu não possa perceber sozinho. Então decidi revisá-lo da primeira à última página antes de entregar o primeiro rascunho para eles. Prevejo que termino este trabalho até o início de abril e com mais um mês, faço um revisão de uma cópia impressa (acho muito mais fácil perceber erros de digitação no papel) ao mesmo tempo que os dois amigos leem os rascunhos.

Curiosamente, ainda não cheguei na metade da revisão e o livro já perdeu quinze páginas. Isso acontece porque em muitos momentos encontrei textos repetidos, comentários pessoais inúteis, piadas infames e outras coisas que só faziam deixar o livro cansativo ou bobo. Esta revisão está claramente deixando o texto mais dinâmico e agradável.

O trabalho de procurar uma editora é que vai ser mais complexo. Eu já pensei em bancar a impressão, mas não faço ideia de quantos volumes vou vender e não quero comprometer as economias da família com um investimento tão arriscado. Existem editoras que são especializadas em publicar livros de autores iniciantes, mas elas são mais acostumadas a publicarem romances, em impressões integralmente composta por textos. Já fiquei sabendo que ilustrações coloridas agregam muito ao custo da impressão e o livro precisa de algumas. Além disso, algumas destas editoras parecem mais dispostas a ganhar dinheiro através do autor iniciante do que pelo leitor, o que me deixa muito desconfiado. A publicação somente via on-line é uma opção que está sob análise, embora eu sempre tenha escrito imaginando a obra como um texto impresso. Não sei como seria ler um livro destes através de um tablet.

De qualquer forma, acredito que antes do fim do semestre eu consiga disponibilizar meu livro de astrofotografia para vocês. Ele é fruto de um trabalho duro e que foi feito sempre com uma enorme preocupação quanto a qualidade. Há muita gente que me diz estar aguardando ansiosamente a publicação da obra, muita gente boa. E isso só faz aumentar a minha sensação de responsabilidade.